Pesquisadores identificaram um novo asteroide no espaço. Ou talvez um cometa? Ninguém sabe ao certo, uma vez que o “2005 QN173”, assim nomeado, traz as características dos dois lados, sem alteração, desde que foi originalmente descoberto em 2005. E um novo paper sobre ele traz mais detalhes que, honestamente, geram mais perguntas que respostas.

Segundo os especialistas, o objeto tem a órbita circular de um asteroide, mas tem todas as características físicas de um cometa, tais como uma cauda que libera poeira cósmica e outras partículas. O problema: cometas têm órbitas elípticas, não circulares, como se vê em um asteroide.

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Imagem composta do "2005 QN173", objeto que os cientistas dizem ter características tanto de um asteroide como de um cometa
O “2005 QN173” tem causado confusão na comunidade astronômica: é um asteroide com características de um cometa? Ou um cometa que se comporta como um asteroide? (Imagem: Nasa/JPL-Caltech/Divulgação)

“Essa dualidade embaça a linha que divide objetos que, pensávamos, pertenciam a duas categorias distintas — asteroides e cometas — e é uma parte essencial do que faz dessa descoberta tão interessante”, disse Henry Hsieh, autor primário do estudo sobre o “2005 QN173” e cientista do Instituto de Ciências Planetárias, em Tucson, Arizona.

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À primeira vista, trata-se de um asteroide – um com uma órbita circular que sai da borda mais externa do cinturão localizado entre Júpiter e Marte, passa pelo Sol e de volta, em uma viagem que dura aproximadamente cinco anos.

Porém, em julho deste ano, os astrônomos da equipe de Hsieh revisitaram os dados coletados pela pesquisa “ATLAS” (sigla em inglês para “Sistema de Alerta Final de Impacto Terrestre por Asteroide”) e notaram que o “2005 QN173” tem uma cauda – e, senhoras e senhores, que cauda. Observações posteriores feitas no Observatório Lowell, no Arizona, confirmaram a visão. Por fim, avistamentos por outras instalações confirmaram a cauda, sobretudo imagens da Estrutura Transiente Zwicky, na Califórnia.

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Nesta última, a observação foi feita durante o periélio (ponto da órbita onde um corpo está mais perto do Sol, ao contrário do apoastro, onde está mais distante), em 14 de maio. E vejam só que choque: a proximidade com o Sol fez com que o “2005 QN173” entrasse em sublimação, processo onde o gelo sólido evapora e, por causa disso, gera a nuvem de gás que entendemos como uma cauda. Tal processo é ausente em asteroides, mas é comum a… cometas.

“A maioria dos cometas vêm da borda mais externa e fria do sistema solar, além da órbita de Netuno, e passam a maior parte do tempo lá, com suas órbitas em formato elíptico os trazendo para perto do Sol e da Terra por períodos bem curtos de tempo”, disse Hsieh. “Nesses momentos, eles se aquecem e expelem gás e poeira por causa da sublimação, produzindo aquela aparência espetacular que conhecemos”.

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O compilado de observações que resultou no novo estudo indica que o “cometoide”/”asterometa” tem um núcleo de pouco mais de três quilômetros, com uma cauda estendida por aproximados 720 mil quilômetros. Apesar de seu tamanho, cientistas estão confusos com o fato dessa causa ser bem fina: “isso nos diz que as partículas de poeira mal flutuam para longe do núcleo a velocidades bem lentas, e que o fluxo de gás escapando, que normalmente levanta poeira para o espaço, é extremamente fraco”, disse Hsieh.

Segundo o cientista, isso sugere um segundo processo, escondido, que esteja jogando a poeira para fora. Isso porque, de acordo com as observações feitas, essa velocidade tão lenta de partículas não deveria permitir que elas escapassem da força gravitacional do núcleo. Uma teoria é a de que o corpo está girando tão rapidamente que ejeta poeira no espaço, mas Hsieh não tem muita certeza disso.

De qualquer forma, é necessário esperar que o objeto passe por nossa região de novo, o que, segundo o calendário dos cientistas, deve ocorrer em fevereiro de 2026.

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