Um estudo liderado pelo Fórum Espacial Austríaco tenta recriar as condições de Marte em uma cratera localizada em Israel, usando de tecnologia e até “astronautas” para simular como seria o início da colonização do planeta vermelho.

Basicamente, os chamados “astronautas análogos” terão que viver em Makhtesh Ramon, uma cratera de 500 metros de profundidade e 40 quilômetros de extensão, em completo isolamento, em um ambiente que mistura condições climáticas reais e estações virtuais. A ideia é estudar o comportamento humano e sua progressão dentro desse isolamento, além de usar tecnologias como veículos de exploração movidos a energia eólica (dos ventos) ou solar.

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“A coesão do grupo e sua habilidade de trabalhar juntos serão cruciais para sobreviverem em Marte”, disse Gernot Groemer, supervisor da missão austríaca. “É como se fosse um casamento, com a diferença que, em um casamento, você pode se divorciar e sair, mas isso não é possível em Marte”.

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O estudo é parte de um projeto chamado “Amadee-20”, que deveria ter sido iniciado em 2020, mas enfrentou atrasos devido à Covid-19. O fórum contou com uma parceria da startup israelense D-MARS para construir uma base movida a energia solar.

Anika Mehlis, a única astronauta mulher do grupo, falou à AFP sobre como é ser parte do time: “o meu pai me levou a um museu espacial quando eu era pequena”, ela disse. “Quando eu soube que o fórum estava procurando por astronautas análogos, eu disse a mim mesma que deveria me candidatar”. Ela, que é especialista em microbiologia, vai estudar um cenário onde bactérias da Terra infectam formas de vida que talvez possam ser encontradas em Marte. Ela ressaltou que isso seria “um problemão”.

Visualmente falando, o deserto onde se encontra a cratera Makhtesh Ramon parece bastante com o terreno de Marte, com sua disposição árida e formações rochosas de vários formatos. Entretanto, as semelhanças param por aí: enquanto o deserto israelense atinge temperaturas entre 25 e 30º C, Marte desce esse nível – literalmente – para -60º C.

O intuito é gerar processos que preparem os humanos para a primeira viagem tripulada para Marte – algo que a Nasa imagina que vá acontecer até 2030. “Eu acredito que o primeiro humano a caminhar sobre Marte já nasceu, e nós somos os engenheiros a construírem essa arca para levá-lo até lá nesta jornada”, disse Groemer.

Além de Anika Mehlis (Alemanha), também participam do projeto “astronautas” da Áustria, Israel, Holanda, Portugal e Espanha. Todos passaram por rígidas avaliações físicas e psicológicas.

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