Cientistas criam tecido que desativa vírus da Covid-19 e outras ameaças químicas

Novo material é eficaz contra o vírus da Covid-19, é reutilizável após lavagem e pode vir a ser usado em máscaras faciais e outras roupas
Por Rafael Arbulu, editado por Rafael Rigues 13/10/2021 16h20, atualizada em 14/10/2021 11h02
Pessoa usando máscara cirúrgica
Imagem: Maridav/Shutterstock
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Um novo tecido criado pela Universidade Northwestern, em Illinois, EUA, promete proteção completa contra vírus, bactérias e outras ameaças (mesmo as químicas), completamente negativando a ação desses ataques. Segundo o paper publicado sobre o trabalho, o tecido é eficaz até mesmo contra a pandemia da Covid-19.

De acordo com o comunicado de divulgação, o novo material é reutilizável, voltando ao seu estado original de proteção com uma rápida lavagem com água e alvejante. Espera-se que ele possa, no futuro, ser aplicado na confecção de novos tipos de máscaras faciais e outros trajes de proteção.

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Imagem gerada em 3D mostra tecido capaz de desativar ameaças químicas, vírus e bactérias
Novo tecido tem capacidade de desativar – e não apenas repelir – ameaças naturais e químicas, sejam elas vírus, bactérias ou armas (Imagem: Northwestern University/Reprodução)

“Ter um material com dupla funcionalidade, com a habilidade de desativar agentes tóxicos biológicos e químicos é algo crucial, tendo em vista a alta complexidade que vem da integração de múltiplos componentes para esse tipo de trabalho”, disse Omar Farha, expert em pesquisa de união de metais e dispositivos orgânicos (da sigla em inglês, “MOFs”) na Universidade Northwestern, professor de química na Escola Weinberg de Artes e Ciências e co-autor do paper.

“MOFs”, segundo Farhas, são como “banhos sofisticados de espuma”. Ele explica que os materiais de nanoescala (ou seja, menores que milímetros e visíveis apenas em microscópio) são desenhados com vários pequenos buracos, que são capazes de capturar gases, vapores, substâncias líquidas e sólidas de diversas origens – tal qual uma esponja faz com a água.

O material desenvolvido por Farhas e sua equipe entra nessa classificação, e é derivado de um outro estudo, onde o mesmo time criou um tipo de nanofibra capaz de desativar agentes nervosos (nome atribuído a algumas armas químicas usadas em conflitos militares). Segundo o especialista, “com algumas pequenas manipulações”, eles foram capazes de inserir agentes antibacterianos e antivirais na composição, ampliando sua capacidade de ação.

Em testes, o tecido foi eficaz na desativação de vírus, bactérias e outras ameaças químicas, mostrando-se excepcionalmente rápido contra o Sars-Cov-2 (o vírus causador da Covid-19), bem como a bactéria bacilar Gram-negativa Escherichia coli (responsável por várias infecções gastrointestinais) e a bactéria Gram-positiva Staphylococcus aureus.

Em outro teste, o material rapidamente degradou o estimulante químico “Cloreto de 2-etiltioetilo”, o principal componente do gás mostarda, usado em conflitos como a 1ª Guerra Mundial (19114-1918); a conquista da Etiópia pela Itália (1935-1936); a guerra da China contra o Japão (1937-1945); a 2ª Guerra Mundial (1939-1945); a guerra civil do Iêmen (2014 até hoje); o conflito armado entre Irã e Iraque (1983-1988) e, mais recentemente, na Guerra da Síria (agosto de 2015).

Em uma notícia ainda mais interessante, o material pode ser aplicado em máscaras faciais, pois sua composição permite também o escape otimizado de ar – em outras palavras, além de reter e desativar potenciais ameaças, ele não impede a respiração e evita o contágio vindo do contato com pessoas infectadas.

Finalmente, a produção desse material é simplificada, e requer apenas equipamentos têxteis de base que a indústria correspondente já vem usando na confecção de várias vestimentas.

O paper foi publicado no Journal of the American Chemical Society

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

Redator(a)

Rafael Rigues é redator(a) no Olhar Digital