Infectologistas da Austrália estão perto de vacinar os ursos coalas contra a clamídia, uma infecção bacteriana que, em humanos, é conhecida como uma das ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), assim como a gonorreia ou o HIV. Segundo informações da imprensa local, autoridades sanitárias estão na terceira fase dos testes do imunizante, no qual serão usados cerca de 400 animais.

De acordo com as informações divulgadas, nas regiões de Queensland e New South Wales cerca de 50% da população de coalas é afetada pela clamídia, que se manifesta na espécie marsupial (apesar do nome, coalas não são ursos) em sintomas como cegueira, inflamação severa da bexiga, infertilidade e morte – vale lembrar que os coalas são uma das espécies listadas como “próximas da fase de extinção”, de acordo com autoridades veterinárias ao redor do mundo.

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Imagem de um dos ursos coalas da Austrália, que são afetados pela clamídia
Embora seja mais conhecida em humanos, a clamídia também é uma enfermidade que afeta os coalas na Austrália, mas vacinação contra ela segue rumos bem avançados de testes (Imagem: SebastiaanPeeters/Shutterstock)

Mas como esses bichinhos tão fofos estão pegando uma infecção que é comumente encontrada em humanos?

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Bem, da mesma forma que nós a pegamos: fazendo sexo. Entretanto, enquanto nós temos a camisinha como proteção (usem-na sem moderação, aliás!), coalas não contam com tal proteção.

Mais além, outros métodos de transmissão foram identificados, como quando os animais se alimentam de “papas”, que no “universo coalístico”, basicamente consistem de fezes das mães ingeridas pelos bebês. Tais fezes têm valor nutricional e transferem para os bebês bactérias essenciais para o funcionamento de seu sistema digestivo, mas caso a mãe esteja infectada, então os filhotes também vão adoecer.

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Ainda não há um suspeito cientificamente exato para essa enfermidade, mas cientistas suspeitam que um vírus da mesma família do causador da imunodeficiência humana (HIV) seja o culpado, segundo um estudo publicado em março de 2018 no Journal of Virology.

De acordo com o professor de Microbiologia da Universidade de Sunshine Coast (USC), Peter Timms, a vacina pode desempenhar um papel significativo na sobrevivência a longo prazo dos coalas, sobretudo nas áreas mais afetadas que mencionamos acima.

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“A vacina já passou das duas primeiras fases de testes, que estabeleceram que ela é completamente segura e produz boa resposta de imunização e bons níveis de proteção”, ele disse. “Ela foi testada em mais de 200 coalas em oito pequenos testes até agora, tanto em animais de cativeiro como em espécimes selvagens. Agora, estamos empolgados com este estágio onde estamos prontos para liberar a vacina como parte dos testes de Fase 3”.

Segundo ele, já não era sem tempo: normalmente, os ursos coalas recebem tratamento contra a clamídia por meio de antibióticos, que até se provam eficazes, mas trazem efeitos colaterais que, muitas vezes, geram outros problemas. Boa parte dos animais reagem mal, apresentando dificuldades de digestão alimentar e (ainda mais) letargia do que já é comum à espécie.

“Além da vacinação beneficiar individualmente cada animal, o teste também trará um foco na proteção generalizada da espécie”, disse Timms, que ressaltou que os animais imunizados serão “chipados” para que as entidades hospitalares consigam monitorar o progresso de saúde de cada um, além de saber exatamente qual poderá ser o problema caso algum deles volte. Esse monitoramento será feito ao longo de 12 meses a partir da data de vacinação.

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