Um estranho sinal de rádio vindo do centro da Via Láctea vem intrigando os astrônomos desde 2019. Até hoje, não se sabe exatamente se trata-se de algum fenômeno astrofísico desconhecido ou, de repente, de um sinal enviado por uma civilização alienígena.

A misteriosa detecção, chamada “ASKAP J173608.2-321635”, foi descrita em um artigo recente, publicado no Astrophysical Journal. Segundo os pesquisadores, esses sinais não se enquadram em nenhum padrão atualmente compreendido e podem sugerir uma nova classe de objeto estelar.

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O sinal chamou a atenção inicialmente por sua variabilidade. Sua intensidade varia dramaticamente e, de uma hora para outra, desaparece e reaparece novamente. Isso já seria algo incomum, mas a propriedade mais intrigante é que o sinal apresenta uma elevada polarização. Isso significa que as ondas eletromagnéticas oscilam de forma ordenada, apenas numa direção, e não aleatoriamente como as outras fontes naturais de rádio conhecidas. Seriam aliens?

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Imagem do radio telescópio ASKAP
Imagem do radio telescópio ASKAP mostrando a região do centro galáctico. No detalhe, a fonte do sinal sumindo e reaparecendo nas imagens do telescópio MeerKAT. Reprodução: The Astrophysical Journal

Vamos com calma. Não é de hoje que nos deparamos com fenômenos desconhecidos no Universo. Principalmente depois que passamos a observar o Cosmos com poderosos radiotelescópios.

Em 1967, Jocelyn Bell, então estudante de PhD britânica, analisava dados do radiotelescópio de Hewish quando notou um estranho sinal vindo de uma região no céu entre Vega e Altair. O sinal era tão regular que foi cogitada a hipótese de se tratar de sinais de uma civilização alienígena. Mas na verdade, Bell acabava de descobrir os pulsares, que são estrelas de nêutrons girando rapidamente e produzindo pulsos de rádio devido ao seu intenso campo magnético.

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Triste curiosidade: Em 1974, Antony Hewish, orientador de Jocelyn Bell, e seu colega Martin Ryle, receberam juntos o Prêmio Nobel de Física, por suas contribuições na descoberta dos pulsares. Bell, que foi a verdadeira descobridora, ficou de fora, o que gerou enorme polêmica.

Jocelyn Bell fotografada em frente ao Rádio Observatório Mullard em 1967 com o gráfico do pulsar descoberto por ela
Jocelyn Bell fotografada em frente ao Rádio Observatório Mullard em 1967 com o gráfico do pulsar descoberto por ela. Imagem: Cavendish Laboratory

“Um tipo diferente de pulsar” é, justamente, uma das apostas dos pesquisadores para esse estranho sinal vindo do centro da galáxia. Não pelo excesso de evidências científicas, mas simplesmente pela falta de opções. Esse mistério em torno do intrigante sinal, abre espaço para as especulações acerca de sua natureza, incluindo a possível origem alienígena.

Nada fora do esperado. Afinal a busca por vida inteligente fora da Terra é um dos anseios da humanidade e, já há algum tempo, fazemos isso procurando por emissões de rádio que poderiam ser geradas artificialmente por civilizações alienígenas.

Esta, por sinal, era uma das atividades do gigantesco Radiotelescópio de Arecibo, em Porto Rico. Durante décadas, ele não só vasculhou o céu em busca de sinais alienígenas como também enviou mensagens da Terra para que, um dia, possam ser captados por civilizações extraterrestres. Mas até então, nada significativo foi detectado, a não ser o sinal “Wow!”.

Radio Observatório de Arecibo que, entre outras coisas, era utilizado para busca de vida inteligente fora da Terra
Radio Observatório de Arecibo que, entre outras coisas, era utilizado para busca de vida inteligente fora da Terra. Fonte: NAIC

O sinal “Wow!” foi um forte sinal de rádio recebido em 1977, pelo radiotelescópio Big Ear nos Estados Unidos. O sinal, vindo da direção de Sagitário, trazia um padrão esperado para uma transmissão alienígena, mas durou apenas 72 segundos e nunca mais foi detectado. Apesar das inúmeras hipóteses levantadas, até hoje não existe uma explicação definitiva para a origem do sinal “Wow!”.

E se você está pensando que poderíamos tentar nos comunicar com os possíveis “homenzinhos verdes” no centro da Via Láctea, vale a pena lembrar que estamos a mais de 25 mil anos-luz de lá. Assim, o nosso “alô”, enviado por ondas de rádio, demoraria mais de 25 mil anos para chegar, e se houvesse alguém lá para responder, essa resposta só chegaria de volta daqui uns 50 mil anos.

Ainda precisamos considerar que os pesquisadores já afirmaram ter quase certeza de que não se tratam de alienígenas. Mas a gente fica na torcida para que eles estejam errados!

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