A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) encerrou no início da tarde desta sexta-feira (5) a análise de todas as propostas das 15 empresas que participaram do leilão do 5G. O certame permitirá aos vencedores dos lotes explorar e ofertar a tecnologia de rede móvel mais recente no Brasil — seis novas operadoras entrarão no mercado: Winity II, Brisanet, Consórcio 5G Sul, Neko, Fly Link, Cloud2u.

De acordo com Fábio Faria, ministro das Comunicações, o leilão rendeu um montante de R$ 46,79 bilhões — valor ligeiramente abaixo da expectativa inicial, que era de ultrapassar a casa dos R$ 50 bilhões.

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Valor arrecadado foi abaixo do esperado

Durante a coletiva após o certame, o parlamentar declarou que o leilão do 5G “superou todas as expectativas”.

“Temos certeza que todos os valores arrecadados serão convertidos em benfeitorias”, disse. “Foi o maior leilão da história da América Latina e segundo maior do Brasil, atrás apenas do pré-sal”.

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A maioria dessa verba será destinada para investimentos no setor de telecomunicações, confirmou o superintendente da Anatel e presidente da comissão de licitação do 5G, Abraão Balbino e Silva.

“Não conseguimos dizer quanto vai para o Tesouro, podemos dizer apenas que R$ 7,4 bilhões é o valor de outorga, mas parte vai para o governo e parte para obrigação, vamos definir isso semana que vem”, informou.

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Acredita-se que o leilão não atingiu o valor esperado por conta de alguns lotes não terem recebido lances. Apesar disso, Balbino e Silva também reforçou o sucesso do certame.

“Do total de lotes disponíveis, mais de 85% daquilo que foi colocado à venda foi comercializado. Basicamente, todas as obrigações de cobertura foram contratadas”, disse.

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Como previsto pelo edital, a quinta versão da tecnologia de internet móvel será ofertada a partir de julho de 2022 da seguinte forma:

  • 5G disponível nas capitais brasileiras até 31 de julho de 2022;
  • Em cidades com mais de 500 mil habitantes até 31 de julho de 2025;
  • Em municípios com mais de 200 mil habitantes até 31 de julho de 2026;
  • Cidades com mais de 100 mil habitantes até 31 de julho de 2027;
  • Enquanto nas com mais de 30 mil habitantes até 31 de julho de 2028.

Escolas serão beneficiadas com a tecnologia

A demanda de levar o 5G às escolas foi a que conseguiu a maior garantia de investimentos, arrecadando R$ 3,1 bilhões. Agora, cabe ao MEC (Ministério da Educação) elaborar a melhor estratégia para investir essa quantia e concretizar as obrigações previstas pelo edital do leilão.

Apesar do resultado positivo, a Anatel informou que não sabe se o valor será suficiente, já que, como mencionado antes, isso depende de uma plano financeiro que será estabelecido pelo Ministério da Educação.

Winity deve alugar frequência adquirida para outras operadoras

A Winity, empresa provedora de infraestrutura wireless criada pela Pátria Investimentos, venceu o lote na faixa de 700 MHz, podendo oferecer a tecnologia 5G para todo o país, no entanto, a companhia decidiu adotar uma estratégia diferente.

A provedora vai ofertar sua infraestrutura e faixa adquirida para outras operadoras oferecerem a rede 5G, como uma espécie de aluguel. As interessadas poderão escolher entre utilizar toda infraestrutura Winity para chegar a locais onde não possuem sinal disponível, ou contratar camadas extras para não sobrecarregar sua infraestrutura própria.

O espectro continuará sendo da empresa, bem como as exigências do governo federal, que a obrigam a levar internet a 31 mil quilômetros de rodovias federias e aumentar a oferta do 4G. Para cumprir os deveres, a Winity deve investir cerca de R$ 2 bilhões.

Resumo do leilão do 5G

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) deu o pontapé inicial no leilão do 5G na manhã de quinta-feira (4). Como previsto, por conta do número de empresas, os lances continuaram ao longo desta sexta-feira (5).

Foram oferecidos no certame quatro faixas de frequência: 700 MHz; 2,3 GHz; 3,5 GHz; e 26 GHz. Cada uma com a sua particularidade — como já mostramos antes, essas faixas, dividida em blocos de cobertura nacional e regional, funcionam como “estradas” para o tráfego de dados da rede móvel 5G.

antes 5g no campo
Antena que transmite o sinal do 5G. Imagem: Petar Petrov/Shutterstock

A sessão de quinta tratou das propostas das três primeiras faixas, faltando apenas os lotes correspondentes a frequência de 26 GHz. A quantia levantada no primeiro dia do certame foi de cerca de R$ 7,1 bilhões.

Faixa de 700 MHz

A Winity II Telecom venceu a disputa pelo primeiro lote do leilão na faixa dos 700 MHz. Sendo assim, o Brasil contará com uma nova operadora com autorização para ofertar o 5G em todo o país.

Faixa de 3,5 GHz

As gigantes Claro, Vivo e TIM arremataram os três lotes nacionais na faixa de 3,5 GHz, considerada a frequência mais cobiçada do leilão por conta de entregar mais velocidade ao cliente final. 

Os lotes regionais, por sua vez, permitem que as empresas ofereçam a tecnologia 5G apenas em regiões específicas do país

A empresa Sercomtel atuará na região Norte e no estado de SP.*; a Brisanet ficou com as regiões Nordeste e Centro-Oeste.*; o Consórcio 5G Sul vai operar na região Sul; a Cloud2U nos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais*; por fim, a Algar Telecom, vai atuar em algumas localidades dos estados de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás e São Paulo.

*Com exceções previstas nas regras do edital

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Faixa de 2,3 GHz

Na faixa de 2,3 GHz, uma das regras previstas pela Anatel é oferecer a cobertura da rede 4G em regiões urbanas que ainda não têm acesso à tecnologia.

A Claro, ficou com os lotes das regiões Norte, Centro-Oeste e Sul e no estado de São Paulo; a Brisanet, vai atuar na região Nordeste; Vivo ficou com os estados de RJ, ES e MG; por fim, a Algar Telecom atuará no Sul de Minas e em localidades dos estados de GO, MT e SP.

Por fim, a sessão também incluiu outros lotes regionais na faixa de 2,3 GHz com menor espectro, o que impacta na facilidade de transmissão de dados. A distribuição desses lotes foi:

A Vivo atuará nas regiões Norte, Centro-Oeste e no estado de São Paulo, enquanto a Tim ficou com a região Sul e os estados do Rio, Espírito Santo e Minas Gerais.

Faixa de 26GHz

Para a sessão desta sexta (5), sobraram os lotes G, H, I e J da faixa de 26 GHz, frequência voltada para a banda larga fixa. O primeiro lote nacional do tipo G (G1) tem como compromisso a conectividade nas escolas. A Claro arrematou o lote por R$ 52,825 milhões. Os lotes G3, G4 e G5 ficaram com a Vivo por R$ 52,824 milhões cada.

Os lotes do tipo H são os de alcance regional. O primeiro a receber propostas foi o H19, referente à região Sul. A Tim ficou com o lote por R$ 8 milhões e também arrematou o H25 (referente aos estados do RJ, ES e MG) e o H31 por R$ 11 e R$ 12 milhões, respectivamente.

Os lotes H37, H38, H39 e H40 ficaram com a Algar Telecom, os dois primeiros por R$ 935 mil cada e os últimos por R$ 1,37 milhão cada. Por fim, o último bloco H ficou com a empresa Flylink por R$ 900 mil. Já nos lotes I com cobertura nacional, a Tim arrematou o bloco I6 por R$ 26 milhões.

Voltando aos lotes regionais, o J20, da região Sul do país, ficou com a Tim por R$ 4 milhões. O lote J26, referente à região Sudeste, também foi arrematado pela Tim por R$ 6 milhões. O J32, referente ao estado de São Paulo, ficou com a Neko com lance de R$ 8,49 milhões, enquanto o J33, que também cobre SP, ficou com a Tim por R$ 6 milhões.

Com isso, foi finalizada a etapa da abertura das propostas de preço e venda de lotes. Segundo o ministro das Comunicações, a expectativa é leiloar mais lotes ao longo de 2022: “Alguns lotes com modelos de negócio ainda não muito bem definidos podem ser comercializados em breve”, disse Fábio Faria.

Por que o 5G é importante?

Em resumo, o 5G irá impactar diferentes setores da economia, como comércio e indústria, além de usuários finais. Faria já chegou afirmar que acredita que o 5G irá movimentar US$ 1,2 trilhão em investimentos no país.

Na prática, espera-se que a chegada do 5G traga não apenas melhor conectividade, mas também eficiência produtiva e gere empregos.

Em 2017, um estudo da Qualcomm estimava que o 5G poderia gerar 22 milhões de empregos e produzir até US$ 12,3 trilhões em bens e serviços até 2035.

Uma previsão atualizada divulgada no final de 2020 pela empresa, por meio do estudo IHS Markit 2020 5G Economy Study, chegou à conclusão de que se espera um crescimento de 10,8% no investimento global de 5G e de Pesquisa e Desenvolvimento pelos próximos 15 anos, com vendas globais somando US$ 13,1 trilhões.

Além disso, especificamente para o Brasil, espera-se que o 5G impulsione o agronegócio, um dos principais setores econômicos do país. A evolução deve ser grande, visto que hoje, mais de 70% das propriedades rurais em solo nacional ainda não possuem acesso à internet, segundo dados Instituto Brasileiros de Geografia e Estatística (IBGE). A ideia é que a chegada do 5G mude esse quadro.

Qual a vantagem da tecnologia 5G?  

Vale a pena ressaltar as principais vantagens desse novo padrão. Em resumo, são duas: baixíssima latência e alta velocidade.

Na prática, o 5G dará a possibilidade de acesso a conexões de até 10 Gbps e promete latências entre 5ms e 20 ms, o que permitirá tempos de resposta mínimos.

Nesse sentido, quem gosta de jogar online, por exemplo, poderá contar com uma conexão sem “engasgos” que atrapalham a experiência nas partidas.

No fim, não é só isso: esses dois atributos também contribuem com o funcionamento mais fluido em outros cenários como: telemedicina, óculos de realidade aumentada, comunicações entre carros autônomos, serviços de inteligência artificial e nuvem, dentre outros.

Você pode saber mais sobre como a latência interfere diretamente no seu dia a dia, acessando este especial do Olhar Digital sobre isso.

Para entender as diferenças entre as gerações das tecnologias de rede móvel acesse este especial aqui.

Créditos da imagem principal: Dilok Klaisataporn/Shutterstock

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