Enquanto analisava a camada externa de exoplanetas em busca de mundos semelhantes à Terra, por meio de um novo modelo computacional, uma equipe internacional de geólogos dos EUA, Suíça, França e Escócia descobriu uma nova categoria de planetas: os “casca de ovo”.

Durante o estudo, eles previam que mundos que são pequenos, antigos ou distantes de suas estrelas, provavelmente, teriam camadas grossas e rígidas. No entanto, perceberam que, em algumas circunstâncias, os planetas podem ter uma camada externa frágil, com apenas cerca de 1 km de espessura. Isso significa que suas crostas são tão finas que seriam incapazes de suportar algum tipo de vida.

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Na busca por exoplanetas potencialmente habitáveis, com condições semelhantes às da Terra, cientistas descobriram planetas com a crosta extremamente finas. Imagem: Nazarii Neshcherenskyi – Istockphoto

Novo modelo computacional visa explorar condições planetárias para formação de placas tectônicas 

Segundo o site Phys, o estudo, que foi publicado nesta quarta-feira (10) no Journal of Geophysical Research: Planets, foi liderado por Dami Mikhail, pesquisador da Escola de Ciências da Terra e Ambientais da Universidade de St. Andrews, na Escócia.

Mikhail explica que “na verdade, o novo modelo fornece um padrão para prever a natureza das placas tectônicas em mundos externos”. 

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Ele diz que é como se fosse um “novo parâmetro” de condições ideais para a vida. “Mas, em vez da temperatura certa para a água, queremos explorar as condições certas para as placas tectônicas”, diz Mikhail.

Para os cientistas, ter placas tectônicas como as da Terra é um componente importante da habitabilidade planetária – e não é apenas porque os torna semelhantes à estrutura geológica do nosso planeta.

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Ter placas tectônicas como as da Terra é um componente importante da habitabilidade planetária. Imagem: Naeblys – Shutterstock

Segundo os pesquisadores, os efeitos indiretos das placas tectônicas são intensificados pelo vulcanismo e intemperismo químico, que perduram por bilhões de anos. Esses dois fatores, combinados com a presença de água, regulam o clima da Terra e a torna habitável.

“A Terra é única no Sistema Solar”, disse Mikhail. “No entanto, ele tem três outros planetas rochosos – Mercúrio, Vênus e Marte – e eles também são distintos um do outro”.

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Mais de 4 mil exoplanetas já foram descobertos

“Os astrônomos descobriram mais de 4 mil planetas orbitando outras estrelas, conhecidos como exoplanetas”, declarou Mikhail. “Algum desses é semelhante à Terra? O que significa semelhante à Terra? E quão representativos são os planetas do nosso Sistema Solar para o cosmos mais amplo?”

Para essas e outras questões, a equipe de pesquisa executou um grande conjunto de modelos de computador para ver como várias combinações de propriedades planetárias e estelares influenciam a espessura da camada externa de um corpo planetário. 

Foi aí que detectaram os exoplanetas com crostas ultrafinas, os “planetas casca de ovo”. Esses mundos, segundo os cientistas, podem se assemelhar às terras baixas de Vênus, e o termo pode potencialmente se aplicar a pelo menos três desses planetas extrassolares já conhecidos.

O que afeta a espessura da crosta de um planeta

Segundo os cientistas, a espessura da camada externa de um planeta é importante para governar vários aspectos do caráter geológico desse corpo, incluindo se ele pode suportar placas tectônicas e até mesmo reter condições habitáveis ​​na superfície.

Fatores inerentes ao planeta, como tamanho, temperatura interior, composição e até clima afetam a espessura dessa camada externa. No entanto, essa característica também sofre influência de sua estrela hospedeira, dependendo do quão luminosa e distante ela seja.

O estudo considerou vários fatores, incluindo o tamanho do exoplaneta, a distância da estrela hospedeira, a temperatura da superfície e a temperatura interna.

Uma das descobertas da equipe é que a temperatura da superfície era mais importante do que todos os outros fatores – incluindo a temperatura interna do planeta. No caso dos planetas casca de ovo, eles têm crostas frágeis de apenas 1 km de profundidade, enquanto a Terra e Marte têm crostas com profundidades de 40 e 100 km, respectivamente.

De posse das informações obtidas com o novo modelo computacional, a equipe acredita que será possível determinar quais exoplanetas devem receber mais tempo de telescópio para investigações planejadas e futuras que visam determinar a química de suas atmosferas., a fim de encontrar evidências de processos geoquímicos ativos e assinaturas deixadas por suposta biologia além do nosso Sistema Solar.

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