A EterSec, célula latino-americana do grupo ciberativista Anonymous, realizou duas operações na semana passada que interferiram nas atividades de sites do governo.
Ambas as ações contaram com defacement — a descaracterização de páginas para transmitir mensagens — para denunciar esquemas de corrupção praticados por políticos locais.
Na primeira delas, intitulada “#OpRachadinha”, os hackers alteraram um banner do site da Assembléia Legislativa do Amapá, em protesto contra o deputado estadual Alberto Negrão (PP). O político foi duas vezes investigado pela prática de “rachadinha”, que é quando funcionários fantasma ou assessores são usados para transferir uma parte ou o todo dos salários.
Ao todo, as investigações calculam que Alberto Negrão teria desviado R$ 1 milhão, num esquema de notas fiscais frias.
O grupo justifica o ataque à Assembléia Legislativa do estado por 11 dos 12 políticos presentes derrubarem a decisão de afastamento de Alberto Negrão — todos eles, listados no manifesto dos Anonymous.
“Não podemos mais tolerar um sistema representativo em que damos carta-branca por quatro anos a um pretenso messias, sem nenhuma forma de removê-lo do poder, dado que são protegidos por colegas e por órgãos aparelhados. Não podemos mais tolerar um sistema que permite que uns poucos enriqueçam tomando aquilo que deveria ser da população, que padece cada vez mais na miséria.”
A página original já foi restaurada, mas o banner com a mensagem dos ciberativistas pode ser encontrado no Wayback Machine.
Anonymous derruba site da Prefeitura de Rondolândia
Em outra de suas ações, a EterSec atacou a prefeitura de Rondolândia, no Mato Grosso do Sul. O Anonymous interferiu na página principal do site do município com outro defacing (que pode ser visto aqui), denunciando a entrega de terras indígenas a grileiros pelo governo.
“Deveria ser óbvio para todos que nenhum governante no sistema atual visa o bem-estar da população, mas seus próprios interesses e os daqueles que os colocam no poder”, comentam os ativistas na intervenção. “E aqui fica visível todo o esforço feito para agradar aos ruralistas que apoiam o prefeito do município, o governador de Mato Grosso, além de Bolsonaro.”
Para os ativistas, a concessão é uma questão que vai além da casua indígena, afetando também todos os cidadãos brasileiros nos aspectos de distribuição hídrica. “Estas terras e seus recursos pertencem e beneficiam cada um de nós. Os mais de 2300 hectares desmatados pertencem a toda a população brasileira”, comentam na ação.
Imagem: gualtiero boffi/Shutterstock
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