O presidente da SaferNet Brasil, Thiago Tavares, comunicou nesta segunda-feira (6) que deixou o país após ter seu computador invadido pelo malware espião Pegasus, um programa que vem sendo utilizado para perseguir ativistas de direitos humanos em diversos países.

Em carta a funcionários da SaferNet e associações parceiras, Tavares explicou  “se exilou voluntariamente” em Berlim, na Alemanha, até que as “circunstâncias dos fatos sejam totalmente esclarecidas”.

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“O auto-exílio ou exílio voluntário é medida extrema — e jamais aplicada desde a fundação da instituição em 2005 — quando a segurança pessoal de funcionário, colaborador ou diretor da SaferNet Brasil encontra-se em grave e iminente risco. É justamente o que ocorre”, disse o presidente e fundador da ONG, que defende os direitos humanos na internet e é conhecida por sua atuação no combate à pornografia infantil online.

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Desde o último dia 26 de outubro, quando participou do 2º Seminário Internacional do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Tavares vinha sofrendo uma sequência de ameaças de morte. No evento, foram discutidos temas como neonazismo, ideologia supremacista branca e conteúdo de desinformação. O presidente da associação participou da mesa “Como se estruturam as campanhas de ódio e desinformação”.

Sequestro de funcionário

Ao longo do mês de novembro, as ameaças migraram do meio eletrônico para a vida real. No dia 22, um funcionário da SaferNet Brasil foi vítima de um sequestro relâmpago em Salvador (BA), sede da ONG. No crime, que também teria tido um teor LGBTfóbico, quatro criminosos armados roubaram um celular e um laptop. Tavares estava a 800 metros da cena.

Além disso, na última quinta-feira (2), uma familiar do ativista foi internada em UTI após ter sido ferida ao desembarcar de um Uber, na capital baiana. O incidente não foi totalmente esclarecido na carta.

Neste dia, então, a SaferNet Brasil descobriu que o computador do presidente, um MacBook Pro, havia sido invadido pelo malware espião Pegasus. Das evidências, a associação organizou um relatório técnico com 28 páginas, que foi entregue à Apple, à Adobe e ao CERT.br (Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil).

A Polícia Federal e o Ministério Público já foram notificados sobre o caso. O presidente da SaferNet está na Alemanha desde o último sábado (4/12).

Imagem: Wilson Dias/Agência Brasil

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