Como programado, a Nasa realizou nesta segunda-feira (27) a segunda manobra de correção de curso (Mid-Course Correction Burn 1b, ou MCC-1b) do Telescópio Espacial James Web (JWST). Com duração de 9 minutos e 27 segundos, a manobra é parte dos ajustes necessários para colocar o equipamento em seu destino final, uma órbita precisa ao redor do segundo ponto de Lagrange (L2) no sistema formado entre a Terra e o Sol.

A primeira manobra de correção, MCC-1a, foi realizada logo após o JWST chegar à órbita, no sábado (25), e durou 56 minutos. Ela foi necessária pois o foguete Ariane 5 que levou o telescópio ao espaço em seu lançamento lhe deu um impulso menor do que o necessário. 

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Isso foi proposital: se Webb recebesse impulso demais, ele não poderia se virar para se mover de volta para a Terra porque isso exporia diretamente a ótica e a estrutura do telescópio ao Sol, superaquecendo-o e abortando a missão científica antes mesmo dela começar.

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Trocando em miúdos: o telescópio, que precisa funcionar a temperaturas próximas do zero absoluto, seria “cozido”. Para evitar isso, a Nasa aumenta a aceleração gradativamente, em três estágios. Mantendo a analogia culinária, é como um cozinheiro que só acerta o sal da receita pouco antes de servir o prato. Afinal, é mais fácil adicionar sal do que removê-lo.

Randy Kimble, cientista responsável pela integração, testes e comissionamento do Webb no Centro Espacial Goddard, da Nasa, detalha porque as manobras são feitas logo no início da viagem do telescópio.

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“Este tempo foi escolhido porque quanto mais cedo a correção de curso for feita, menos propelente (combustível) será necessário. Isso deixa o máximo possível restante para as operações normais do Webb ao longo de sua vida: manutenção da órbita e compensação da pressão gerada pela radiação solar no enorme escudo térmico, que pode agir como o vento em uma vela e mover o telescópio”, afirma.

Escudo térmico protege o James Webb do calor do Sol, mas pode funcionar como uma “vela” e mudar sua posição no espaço. Imagem: Nasa

Segundo Kimble, a “queima” (como é chamado o acionamento dos propulsores na manobra) não foi feita imediatamente após o lançamento “para dar tempo à equipe de dinâmica de vôo receber dados de rastreamento de três estações terrestres localizadas em Malindi, Quênia, Canberra Austrália e Madri, Espanha. Também houve tempo para fazer um teste de disparo do propulsor necessário antes de executar a queima real”. 

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A equipe afirma que a inserção orbital do JWST pelo foguete Ariane 5 foi “melhor do que os requisitos”. Ao todo, três manobras de correção de curso foram programadas durante a jornada do JWST rumo a L2. A última, chamada MCC-2, será realizada 29 dias após o lançamento.

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