Cientistas da Universidade de Utah, nos EUA, conduziram uma análise química da Tumba de Caecilia Metella, um mausoléu de aproximadamente 2 mil anos, para descobrir o motivo que faz o concreto usado na Roma Antiga ser tão resistente.

Segundo os estudiosos, a composição do material é muito similar ao cimento utilizado atualmente (conhecido como “Cimento Portland”), no sentido de que vem do aquecimento do calcário e argila, bem como areia, cinzas, cal e ferro, em um forno. A massa resultante é então resfriada e pulverizada com leves adições de gesso. Entretanto, a argamassa usada em Roma era feita de pedaços de tijolos e rochas do tamanho de um punho.

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Foto mostra o Mausoléu de Caecilia Metella, uma mulher nobre da Roma Antiga
O mausoléu de Caecilia Metella é tido como uma das construções mais bem conservadas da Roma Antiga, e cientistas até hoje vêm analisando a razão de sua durabilidade (Imagem: Wikimedia Commons/Reprodução)

“A constituição desse monumento histórico e inovador, localizado na Via Appia Antica, indica que Caecilia Metella era uma pessoa de alto prestígio social”, disse a geofísica e coautora do estudo, Marie Jackson. “E o concreto utilizado traz uma presença forte e resiliente mesmo depois de 2.050 anos de sua construção”.

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De fato, a mulher que dá nome ao mausoléu era uma pessoa da nobreza, filha de um cônsul que, mais tarde, viria a se casar com Marco Licínio Crasso, o filho de um general que, junto de Júlio César e Cneu Pompeu Magno, formaria o chamado “Primeiro Triunvirato”.

O mausoléu foi construído em meados de 30 a.C, e consiste de uma torre em formato de tambor, posicionada sobre uma base quadrada, com medidas de 21 metros (m) de altura e 29 m de diâmetro. É tido por historiadores como um dos monumentos mais preservados dos primeiros anos da república romana, após a abolição do Império.

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Jackson, que tem uma curiosidade natural da profissão sobre edificações romanas, visitou a tumba em 2006, retirando algumas amostras para estudo. Segundo ela, o dia de sua visita estava bem quente, mas o interior do mausoléu estava fresco e arejado. “Tirando os pombos ao centro da estrutura circular, a atmosfera estava bastante tranquila”, disse.

A fundação do mausoléu é feita de uma mistura de tufo, um tipo de rocha formada por cinzas vulcânicas compactadas sob extrema pressão, e lava originada de uma erupção ocorrida há aproximados 260 mil anos. O pódio e a rotunda têm várias camadas de concreto bem grosso, com blocos de travertino (um tipo de rocha calcária, composta de calcita, aragonita e limonita) usados como esqueleto e as paredes da torre têm 7,3 m de espessura.

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Usando uma tecnologia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Jackson foi capaz de identificar não apenas os minerais que compõem a construção, mas também como os agregados vulcânicos do concreto se comprimem de tal forma a não permitir a passagem de ar ou de outros efeitos do tempo que, em um trabalho normal de concretagem, deixariam o trabalho exposto à erosão.

O paper com os detalhes completos pode ser acessado no Journal of the American Ceramic Society.

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