A Comissão Federal de Comunicações (FCC, na sigla em inglês) soube da própria SpaceX que a empresa pretende lançar a segunda geração de satélites da Starlink, sua plataforma de internet, a partir de março de 2022, apesar dos atrasos burocráticos causados pela própria FCC.
A SpaceX entregou a requisição para a segunda geração de satélites da Starlink em maio de 2020, mas apenas em outubro do mesmo ano é que a FCC emitiu o parecer aceitando o pedido de análise. Quase um ano depois, em agosto de 2021, a empresa de Elon Musk pediu por uma alteração do pedido, contemplando uma modificação de hardware.
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Em outras palavras: quase 10 meses para responder a um e-mail que diz “sim, vamos analisar” ou “não recebemos”.
Agora, em um documento entregue eletronicamente pela SpaceX à FCC, a empresa respondeu cerca de 12 questões técnicas do órgão que regulamenta as telecomunicações nos Estados Unidos. Embora a SpaceX não tenha criticado diretamente a lentidão da autoridade, essa demora se fez notada, com a empresa ressaltando que a FCC pede por mais informações técnicas dela em comparação a outras empresas do ramo – mesmo com algumas delas tendo apenas recentemente adquirido licenças de operação.
Isso pode ter a ver com o objetivo deveras ambicioso da SpaceX: segundo o detalhamento técnico, a empresa pretende criar uma constelação de aproximadamente 30 mil satélites – um número muito mais alto do que o de qualquer outra empresa.
Apesar do apreço de alguns especialistas do setor pelo compromisso da SpaceX com um espaço de tempo tão curto, eles especulam que o calendário é quase impossível de ser obedecido. A empresa esclareceu, porém, que decidiu lançar a segunda geração de satélites da Starlink com uma configuração a menos do que o inicialmente planejado.
Os novos satélites contam com dois modelos ainda não detalhados de configuração. Inicialmente, eles seriam lançados de forma completa, mas dados os atrasos da FCC, a SpaceX optou por lançá-los apenas com o módulo principal, atualizando a segunda configuração posteriormente.
Essa premissa serviu para esclarecer um outro ponto, até então bastante nublado entre a SpaceX e seus seguidores: o plano era o de lançar a nova geração por meio da nave orbital Starship – mais um dos projetos da SpaceX “amarrados” por um órgão do governo (FAA, neste caso). Segundo a empresa, a “segunda configuração” depende do uso da Starship como veículo de transporte. Isso fez com que muitos entendessem que a própria Starship estaria pronta em março de 2022, o que não será o caso.
Ao invés disso, a SpaceX tirou uma configuração do lançamento original, tornando a ação um pouco mais tradicional – ainda que massiva em escala. Com esse detalhe definido, a SpaceX pode se valer do método atual – lançamento por meio dos foguetes Falcon 9 – para posicionar os novos satélites.
Não é implausível, também, que a SpaceX lance um ou dois protótipos com configurações completas dos novos satélites. Presumindo que eles caibam inteiros em uma carenagem de 5,2 metros, isso incluiria o Falcon 9 sem dificuldades. E a SpaceX não precisa da licença confirmada da FCC para isso, uma vez que ela já conta com permissão para lançamento de protótipos.
Resta saber se a empresa conseguirá cumprir o próprio prazo, ou se a FCC continuará atrasando o calendário por falta de atenção.
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