Uma notícia surpreendente pode representar um dos maiores avanços da medicina nos últimos anos. Médicos da Faculdade de Medicina da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, transplantaram um coração de porco geneticamente modificado para o corpo de David Bennett, de 57 anos.
A cirurgia parece ter sido, pelo menos por hora, um sucesso, sem rejeição imediata do órgão animal. Após três dias do procedimento, o paciente está vivo e “passando bem”, segundo o hospital onde a cirurgia foi realizada.
A Food and Drug Administration (FDA, a agência reguladora norte-americana) autorizou o procedimento por compaixão, já que Bennett era inelegível para um transplante de coração tradicional e não havia outras opções. “Era morrer ou fazer esse transplante. Eu quero viver. Eu sei que é um tiro no escuro, mas é minha última escolha”, disse o paciente em um comunicado.
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Apesar de surpreendente imaginar o órgão de um porco funcionando em um ser humano, está não é a primeira vez que isso acontece. Em 2021, médicos dos Estados Unidos transplantaram o rim suíno para um paciente humano.
O procedimento foi feito pelo Instituto de Saúde Langone, da Universidade de Nova York, e utilizou um rim de porco geneticamente modificado. No entanto, o procedimento foi realizado em um paciente humano com morte cerebral declarada.
A escolha por uma pessoa com essa condição se deu porque se tratava de um teste, logo, não seria ético realizá-lo com uma pessoa consciente, afirmaram os médicos.
De acordo com o diretor do Instituto de Transplantes Langone, da Universidade de Nova York, Robert Montgomery, o procedimento foi melhor do que a equipe imaginava. De acordo com o médico, parecia com qualquer outro transplante de rim que ele já realizou de um doador vivo.
Transplante de porco para humano no Brasil
Após o sucesso no transplante de rim de um porco para um humano nos Estados Unidos, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) estudam realizar o procedimento no Brasil, alinhando-o a uma pesquisa de Silvano Raia, pioneiro do transplante de fígado na América Latina.
De acordo com informações do jornal Estadão, caso o estudo consiga os investimentos necessários para construir um criadouro biosseguro (pig facility), o cirurgião pretende iniciar os testes em humanos nos próximos dois anos.
Assim como no experimento americano, a pesquisa brasileira segue uma linha que consiste na modificação dos genes dos porcos para que o órgão possa ser aceito pelo organismo humano – e não seja rejeitado.
Origem dos transplantes animais
A tentativa de usar órgãos de animais para salvar vidas humanas acontece há décadas. Uma das vezes mais marcantes aconteceu no ano de 1984, quando os médicos transplantaram um coração de babuíno em Stephanie Fae Beauclair, uma criança que nasceu com síndrome do coração esquerdo hipoplásico. Ela chegou a sobreviver por 21 dias, mas depois, seu corpo rejeitou o órgão transplantado.
De acordo com o The New York Times, a diferença do procedimento de Stephanie para o de David Bennett é que os médicos usaram um coração geneticamente modificado para remover quatro genes que codificam uma molécula que faz com que o corpo rejeite o órgão.
Os cirurgiões também inseriram seis genes humanos para tornar o sistema imunológico do animal mais resistente ao tecido do paciente. Agora, o completo sucesso dependerá de como será a recuperação dele, tanto que corpo de Bennett ainda pode rejeitar o coração de porco. Até o momento, ele está vivo e os médicos estão empolgados com o resultado.
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