O mais antigo fóssil humano é ainda mais antigo do que se pensava, diz estudo

Conhecido como “Omo I”, cientistas afirmavam que o fóssil tinha cerca de 200 mil anos, mas uma nova pesquisa revisou essa idade para bem mais
Por Rafael Arbulu, editado por Rafael Rigues 12/01/2022 19h10, atualizada em 13/01/2022 15h43
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Imagem: Museu do Homem/Reprodução
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O mais antigo fóssil humano — conhecido como “Omo I” — tem cerca de 230 mil anos, segundo estudo publicado na revista Nature nesta quarta-feira (12). A descoberta, feita por uma análise química do fóssil, faz com que ele se torne ainda mais velho do que se imaginava.

Na ocasião de sua descoberta, em 1967, na Etiópia (região do Vale do Omo, daí o nome), ele havia sido classificado como tendo algo perto de 200 mil anos. Mas o novo estudo considerou uma erupção vulcânica de imensas proporções que acabou cobrindo o fóssil com cinzas, efetivamente complicando o processo de identificação de idade. Em suma, o nosso maior “velhinho” é consideravelmente mais “velhinho”.

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O "Omo I" é o mais antigo fóssil humano, que recentemente teve a sua idade revisada para 230 mil anos, deixando-o bem mais velho do que se pensava
O “Omo I” é o mais antigo fóssil humano, que recentemente teve a sua idade revisada para 230 mil anos, deixando-o bem mais velho do que se pensava (Imagem: Museu do Homem/Reprodução)

“Cada erupção tem a sua própria ‘impressão digital’ — a sua própria história de evolução abaixo da superfície, a qual é determinada pelo caminho tomado pela lava”, disse a Dra. Dr Céline Vidal, do Departamento de Geografia da Universidade de Cambridge, na Inglaterra. “Quando você destrói a rocha, você libera os minerais dentro dela, e aí você pode estabelecer uma idade para eles, e identificar a assinatura genética do vidro vulcânico que prende esses minerais”.

E foi exatamente isso que sua equipe fez: o primeiro passo foi coletar diversas amostras de pedras pomes – um tipo de pedra que, na hora da explosão, estava em estado líquido, mas resfriou tão rapidamente que não teve tempo de se cristalizar. Esse tipo de pedra é muito comum no uso cosmético por promover uma esfoliação mais profunda da pele.

Depois, eles transformaram essas amostras em pó, até que ficassem com tamanho de menos de um milímetro (mm). Graças a este processo, os cientistas conseguiram estabelecer uma conexão entre amostras retiradas do fóssil Omo I e da região onde ele foi encontrado, e a explosão do vulcão Shala, há mais de 400 quilômetros (km) de distância do local.

É válido ressaltar que o fóssil mais velho “e anatomicamente humano” tem cerca de 360 mil anos. Entretanto, ainda não há certeza de que se trata de um humano moderno ou de alguma espécie ancestral à nossa. Já o Omo I é inequivocamente humano, portando “uma alta e globular caixa craniana” e “queixo”, segundo o Dr. Aurélien Mounier, do Museu do Homem em Paris, França. “A nova estimativa de idade, de fato, torna este o Homo sapiens mais antigo da África“.

Acredita-se que o homem moderno realmente tenha evoluído no Vale de Omo, na Etiópia, então a descoberta é digna de atenção pela comunidade científica.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

Redator(a)

Rafael Rigues é redator(a) no Olhar Digital