Erupção em Tonga jogou cinzas a altura recorde, mas não deve impactar o clima

Imagens de satélite mostram que as cinzas chegaram a 39 quilômetros acima da superfície da Terra - a primeira vez que chegamos a esse número
Por Rafael Arbulu, editado por André Lucena 18/01/2022 14h05, atualizada em 18/01/2022 17h58
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A erupção do vulcão Hunga Tonga-Hunga-Ha’apai, em Tonga, na Polinésia, ocorrida no último sábado (15) expeliu cinzas à altura recorde de 39 quilômetros (km) – a primeira vez que tal marco foi atingido por um evento do tipo. Entretanto, isso não deve trazer impactos ao clima da Terra, segundo especialistas.

Apesar da altura recorde, o volume de cinzas expelidas pela erupção em Tonga não foi dos mais densos. Pesquisadores traçaram comparações com a explosão do Monte Pinatubo, nas Filipinas – a segunda maior erupção do século XX. Segundo eles, o Hunga Tonga-Hunga-Ha’apai, apesar de ser um “supervulcão”, expeliu “apenas” 400 mil toneladas cúbicas de cinzas, cerca de 2% do volume visto na explosão de 1991.

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Animação mostra as cinzas da erupção em Tonga surgindo rapidamente e subitamente na atmosfera da Terra
A explosão do vulcão em Tonga foi capturada por satélites no espaço (Imagem: NOAA/Reprodução)

Erupções de supervulcões trazem preocupações variadas na comunidade especializada em geologia e clima. Isso porque, dependendo do volume de cinzas expelido e a altura a que ele chega, um efeito de redução de temperatura pode vir em seguida, graças às partículas vulcânicas que se acumulam na atmosfera, impedindo a entrada da luz e calor do Sol.

Efeitos do tipo na pré-história deram início a algumas das muitas “eras do gelo” que a Terra já viveu.

Felizmente, não será o caso aqui: “neste momento, as estimativas do dióxido de enxofre cuspido pela erupção do Hunga Tonga-Hunga-Ha’apai corresponde a uma pequena fração do que foi visto na erupção do Monte Pinatubo”, disse Karen Rosenlof, expert em química atmosférica na Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) dos EUA. “Por causa disso, eu não esperaria ver uma resposta muito grande da superfície global”.

A especialista ainda disse que o Monte Pinatubo expeliu material que durou cerca de dois anos na atmosfera antes de se dissipar por completo, e que a redução de temperaturas do tipo não seria uma solução viável para contra-atacar o aquecimento global.

De acordo com imagens de satélite, as cinzas da erupção em Tonga já se espalharam por toda a Austrália – mais de 4 mil km de distância do arquipélago onde ocorreu a explosão. O efeito disso foi uma concentração recorde de dióxido de enxofre no céu do Oceano Pacífico, segundo a autoridade climatológica da Nova Zelândia.

O dióxido de enxofre é bastante perigoso à saúde humana, causando extrema irritação aos olhos. Entretanto, é com o sistema respiratório que devemos nos preocupar: o composto químico é particularmente danoso às funções pulmonares, causando tosses fortes, secreção mucosa e a piora de condições como asma ou bronquite crônica. Em casos mais extremos, pode levar à morte.

Mais além, o dióxido de enxofre pode reagir negativamente às plantações e poluir a água. Finalmente, ele também é conhecido por produzir a chuva ácida.

Apesar do risco quase inexistente de alteração à temperatura da Terra, a erupção em Tonga não foi considerada de menor porte, e o som causado por ela deu a volta por toda a Terra e chegou ao Brasil.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

André Lucena
Ex-editor(a)

Pai de três filhos, André Lucena é o Editor-Chefe do Olhar Digital. Formado em Jornalismo e Pós-Graduado em Jornalismo Esportivo e Negócios do Esporte, ele adora jogar futebol nas horas vagas.