Recife de coral raro e intocado é descoberto na costa do Taiti

Por Flavia Correia, editado por Rafael Rigues 20/01/2022 15h33, atualizada em 21/01/2022 10h36
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Nesta foto fornecida por @alexis.rosenfeld, pesquisador do Centro Nacional francês de Pesquisa Científica estuda corais nas águas da costa do Taiti da Polinésia Francesa em dezembro de 2021. Nas profundezas do Pacífico Sul, cientistas exploraram um raro trecho de corais intocados em forma de rosas ao largo da costa do Taiti. Acredita-se que o recife seja um dos maiores encontrados em tais profundidades e parece intocado pelas mudanças climáticas ou atividades humanas. Crédito: Alexis Rosenfeld/@alexis.rosenfeld via AP
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Nas águas do Pacífico Sul, cientistas identificaram um raro trecho de corais intocados em forma de rosas ao largo da costa do Taiti. Segundo os biólogos marinhos envolvidos na descoberta, o recife é um dos maiores encontrados em tais profundidades e parece inalterado pelas mudanças climáticas ou atividades humanas.

Esta foto mostra raro trecho de corais intocados em forma de rosas nas águas ao largo da costa do Taiti, na Polinésia Francesa. Imagem: Alexis Rosenfeld via AP

De acordo com a pesquisadora Laetitia Hédouin, do Centro Nacional de Pesquisa Científica da Polinésia Francesa, os corais foram avistados pela primeira vez durante um mergulho recreativo, alguns meses antes de virarem objeto de estudo. “Quando fui lá pela primeira vez, pensei: ‘Uau, precisamos estudar esse recife. Há algo de especial nesse recife’”.

Ela diz que o que mais a impressionou foi que os corais pareciam saudáveis e não foram afetados por um evento de branqueamento ocorrido em 2019. Embora pareçam plantas, os corais são animais minúsculos que crescem e formam recifes em oceanos ao redor do mundo.

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Recife de coral recém-descoberto vive em águas relativamente rasas

Em todo o mundo, os recifes de corais vêm sendo atingidos por atividades pesqueiras e pela poluição. As mudanças climáticas também prejudicam corais delicados — incluindo aqueles em áreas vizinhas ao recife recém-descoberto — com branqueamento severo causado por águas mais quentes. 

Entre 2009 e 2018, 14% dos corais do mundo foram mortos, de acordo com um relatório de 2020 do Projeto de Monitoramento Global dos Recifes de Coral.

Pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa Científica da Polinésia Francesa estudam corais nas águas ao largo da costa do Taiti. Acredita-se que o recife seja um dos maiores encontrados em tais profundidades . Imagem: Alexis Rosenfeld via AP

Estendendo-se por 3 km, o recife recém-descoberto foi estudado no fim do ano passado durante uma expedição de mergulho apoiada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Ao contrário da maioria dos corais mapeados do mundo, que são encontrados em águas relativamente rasas, este era mais profundo — localizado entre 35 e 70 metros.

Explorar tais profundidades representava um desafio: quanto mais profundo um mergulhador fica submerso, menor o tempo pode ser gasto com segurança em cada profundidade. O grupo foi equipado com tanques especiais e fez 200 horas de mergulho para estudar o recife, tirar fotografias, fazer medições e colher amostras do coral.

Novas pesquisas precisam ser feitas

Segundo Mark Eakin, oceanógrafo da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica, o recife está em um local onde a maioria dos pesquisadores não passaram muito tempo. “Veremos mais dessas descobertas à medida que a tecnologia for aplicada a esses locais”, disse Eakin. “Podemos encontrar alguns maiores em algum lugar, mas acho que este sempre será um recife incomum”.

Nem a recente erupção vulcânica em Tonga que desencadeou ondas de tsunami em todo o Pacífico afetou o recife ao largo do Taiti, segundo Hédouin, que espera que a pesquisa possa ajudar os especialistas a entender como o recife tem sido resiliente às mudanças climáticas e às pressões humanas, e qual o papel desses corais mais profundos no ecossistema oceânico. De acordo com Hédouin, mais mergulhos estão planejados para os próximos meses.

“Sabemos muito pouco sobre o oceano, e ainda há muito que precisa ser registrado, por isso precisa ser medido”, disse Julian Barbière, chefe da política marinha e coordenação regional da UNESCO.

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Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.

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Rafael Rigues é redator(a) no Olhar Digital