Estudo compartilha detalhes das ‘kofun’, as tumbas proibidas do Japão

Acesso às tumbas gigantescas é normalmente proibido para o público por pertencerem à classe dominante do Japão antigo
Por Rafael Arbulu, editado por Rafael Rigues 21/01/2022 17h47, atualizada em 24/01/2022 11h23
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Imagem: Wikimedia Commons/Reprodução
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Um estudo italiano conseguiu coletar informações interessantes sobre as Kofun, tumbas gigantescas construídas no Japão antigo, cujo acesso é, na maior parte, proibido para o público por pertencerem às famílias de regentes do país há vários séculos.

Devido às restrições impostas pelo governo japonês, o estudo em questão foi conduzido por meio de imagens via satélite. Outro motivo da dificuldade em pesquisar as antigas tumbas é pela enorme quantidade delas: por todo o Japão, são 161.550 tumbas, segundo levantamento da Universidade de Hyogo.

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Imagem de uma Kofun, tumba imperial japonesa, em Okayama
As kofun são tumbas imensas normalmente ligadas ao Japão Imperial: na época, elas eram usadas para enterrar regentes, seus familiares e pessoas ligadas a eles. Hoje, o acesso à maioria delas é proibido
Imagem: Okayama-kanko.co.jp/Divulgação

O novo estudo, conduzido pelo Politecnico di Milano, revela, por exemplo, que todas as kofun seguem a orientação do arco do Sol quando ele nasce – uma reverência à deusa Amaterasu, considerada pelos japoneses como uma de suas principais divindades, filha de Izanagi, o criador; e irmã de Tsukuyomi (divindade da Lua) e Susanoo (divindade das tempestades, além de líder (ou uma das lideranças) do reino paradisíaco de Takamagahara.

Uma das tumbas — chamada Daisen Kofun — é atribuída ao imperador Nintoku, o 16º da dinastia. Mas embora a maior parte dos japoneses considere sua existência um fato (chamam-no “O Santo Imperador” pela sua fama de extrema bondade), historiadores ainda não conseguiram atribuir a ele uma linha do tempo de vida. A “sua” kofun, no entanto, é parte da lista de patrimônios mundiais da UNESCO, além de ser a maior de todas, com 486 metros (m) de comprimento e 36 m de altura.

O time de pesquisadores foi liderado por Norma Baratta, Arianna Picotti e Giulio Magli, e descobriu que a orientação delas não acontece ao acaso: na verdade, alinhar seus arcos de entrada ao nascer do Sol (ou, em alguns casos, à posição da Lua) é uma tradição que remonta ao período imperial japonês. Antigamente, os imperadores eram considerados descendentes diretos de Amaterasu.

Boa parte das kofun também têm esse formato de fechadura. O entendimento da mitologia japonesa é o de que a chave simboliza poder e autoridade.

O estudo completo foi publicado no jornal científico Remote Sensing.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

Redator(a)

Rafael Rigues é redator(a) no Olhar Digital