Um novo recorde de extensão de luz foi divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU), via Organização Meteorológica Mundial (OMM) nesta terça-feira (1): um relâmpago de cerca de 770 km de extensão iluminou o céu dos estados norte-americanos do Mississipi, Alabama e Texas, nos EUA, durante uma tempestade ocorrida em 2020.

Ao todo, foram 768 km – distância que contempla, para fins comparativos, a distância entre Londres, capital da Inglaterra; e Hamburgo, uma das principais cidades da Alemanha. O fenômeno também desbancou o recorde anterior, pertencente ao Brasil, com uma vantagem de mais ou menos 60 km.

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Gráfico mostra recordes quebrados pelo relâmpago de 770 km de extensão, nos EUA, e a duração de um outro relâmpago, na América do Sul
Dois recordes de tempestades foram divulgados pela ONU, por meio de seu escritório meteorológico: a extensão de um relâmpago (pegando três estados dos EUA) e a duração de um deles, na Argentina (Imagem: OMM/Divulgação)

Em um recorde paralelo, a OMM também relatou um novo recorde de duração de flash de luz vindo de um relâmpago: também em 2020, uma tempestade sobre a Argentina e o Uruguai produziu um flash de luz de 17,1 segundos de duração — 0,37 segundo a mais que o recorde anterior, que também era argentino.

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“Esses são recordes extraordinários vindos de eventos de luz”, disse Randall Cerveny, porta-voz da OMM para extremos climáticos e meteorológicos, por meio de comunicado. “Esses extremismos ambientais são prova viva do poder da natureza, além de uma mostra de quanto progresso científico vem sendo feito para tais análises”.

Cerveny não citou isso diretamente, mas seus comentários refletem um salto tecnológico usado na análise desses fenômenos: antes de 2018, a estrutura usada para avaliar relâmpagos e tempestades era majoritariamente instalada na superfície da Terra. Depois daquele ano — quando estabeleceu-se o recorde do Brasil —, havíamos usado tecnologia de satélite pela primeira vez.

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Resultado: o recorde mais que dobrou.

“É bem provável que extremos ainda maiores existam, e nós seremos capazes de observá-los à medida que a tecnologia de detecção de luz se aprimora”, disse o porta-voz.

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De acordo com o comunicado da OMM, os flashes de luz não foram eventos isolados, mas sim o ponto alto de tempestades contínuas. Isso porque todos eles — o atual recordista americano e o anterior brasileiro — vieram de regiões que facilitam suas ocorrências: nos EUA, isso corresponde às Grandes Planícies; no Brasil, isso se refere à Bacia do Rio da Prata.

E sim, o fato de o relâmpago de 770 km ser parte de uma tempestade contínua o torna ainda mais perigoso que o normal: “relâmpagos são um risco enorme que tiram muitas vidas todo ano”, disse o chefe de pesquisa da OMM, Petteri Taalas. “As nossas descobertas destacam as importantes preocupações pela segurança pública contra relâmpagos e nuvens eletrificadas, onde flashes podem viajar por distâncias muito grandes, muito rapidamente”.

Segundo a organização, os lugares mais seguros para se proteger de eventos do tipo são edifícios grandes com forte estrutura de fiação e encanamento, ou veículos fechados com teto de metal.

Outros dois recordes mantidos pela OMM – mas sem atualização recente – referem-se a mortes causadas por relâmpagos, seja de forma direta ou como consequência: em 1975, no Zimbábue, 21 pessoas morreram quando uma cabana onde elas se protegiam de uma tempestade foi atingida em cheio.

Em 1994, 469 pessoas acabaram morrendo após um relâmpago atingir um conjunto de tanques de combustível, fazendo com que o óleo em chamas inundasse a cidade de Dronka, no Egito.

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