A China conduziu uma manobra confidencial, na qual usou um satélite para “rebocar” outro na órbita geossíncrona da Terra — um dos ambientes espaciais mais populosos, dado o volume de objetos que lançamos para lá.

A operação não contou com a costumeira divulgação oficial das mídias estatais da China, cujo governo manteve absoluto silêncio. Ao invés disso, foi uma empresa de monitoramento e observação espacial comercial — a ExoAnalytic Solutions — que identificou a movimentação.

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A empresa é dona ou opera mais de 30 observatórios e 300 satélites, em caráter global. Segundo a própria, ela consegue ter uma visão em 360º de todo o cinturão geossíncrono da Terra, incluindo a região conhecida como “cemitério”, onde satélites e objetos humanos descartados acabam entrando.

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Segundo um relatório apresentado pela ExoAnalytic Solutions, via seu executivo Brian Flewelling, o satélite chinês SJ21 saiu de sua órbita por várias horas. Antes disso, ele executou manobras de aproximação de um outro satélite — CompassG2, também de origem chinesa — até eventualmente se atracar a ele.

A empresa não viu a ação de acoplagem, afirmando que ela ocorreu no lado diurno, onde a luz do Sol dificultou a obtenção de imagens. Os dois satélites sumiram de vista até reaparecerem — conectados — pouco tempo depois. A ExoAnalytic Solutions disse ter visto, então, o satélite SJ21 “rebocar” o CompassG2 para fora do cinturão geossíncrono.

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O relatório afirma que isso tudo ocorreu em 22 de janeiro de 2022.

O SJ21 é operado pela China Aerospace Science and Technology Corporation (CASC), uma empresa ligada ao governo chinês. Foi ela quem lançou o satélite em outubro de 2021, mas nunca foi muito aberta quanto às capacidades do objeto, limitando-se a descrever, na época, que “o satélite será majoritariamente usado para testar e verificar tecnologias de redução de destroços espaciais”.

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O chamado “lixo espacial” tem se tornado um problema que causa dores de cabeça a muita gente, então esforços que buscam mitigar a sua presença ao longo dos próximos anos têm se intensificado consideravelmente. Entretanto, vários países e agências são efusivamente detalhistas ao descrevê-los — e a China manter-se em silêncio sobre a sua participação nisso gerou algumas desconfianças.

Não é a primeira vez que o SJ21 aparece no noticiário ocidental, aliás: em novembro de 2021, o 18º Esquadrão de Controle Espacial da Space Force, dos EUA, afirmou que o satélite orbitou ao lado de um mini motor de propulsão de satélites — a China nunca confirmou tal ação. Outros países na Europa afirmam suspeitas de que a China possa usar o SJ21 para interferir com atividades de satélites não chineses.

Ao final de tudo, porém, todas essas suspeitas são especulativas, e a China é notória por não comentar esse tipo de acusação a não ser que ela tome proporções demasiadamente acrescidas. É provável que essa situação caia na gaveta de “coisas que aconteceram, mas ninguém sabe o motivo”.

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