Telescópio da NASA detecta “mais poderosa luz” de Júpiter e soluciona mistério antigo

Emissão de raio-x vista pelo telescópio NuSTAR é a maior dispersão de energia encontrada no sistema solar, depois da Terra
Por Rafael Arbulu, editado por Rafael Rigues 11/02/2022 12h40, atualizada em 11/02/2022 16h02
Imagem mostra parte do planeta Júpiter
Imagem: Nasa/Divulgação
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O Nuclear Spectroscopic Telescope Array (NuSTAR), telescópio espacial da NASA, observou, em Júpiter, o que a agência chamou de “mais poderosa energia de luz” vista no nosso sistema solar, tirando as emissões da Terra.

De acordo com os dados, a emissão energética — que corresponde a uma ampla dispersão de raios-x — nos levou a compreender outro mistério. Em 1992, quando a sonda Ulysses passou por Júpiter, não viu nenhuma emissão do tipo — e agora sabemos o motivo.

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As auroras de Júpiter são conhecidas por sua emissão de raios-x de baixa intensidade, mas versões muito mais poderosas desses raios também são produzidas no gigante gasoso
As auroras de Júpiter são conhecidas por sua emissão de raios-x de baixa intensidade, mas versões muito mais poderosas desses raios também são produzidas no gigante gasoso (Imagem: NASA, ESA e J. Nichols (Universidade de Leicester)/Reprodução)

Para entender esse fenômeno, é importante entrar no “tecniquês” da ocasião: as auroras de Júpiter são capazes de produzir raios-x de baixa energia. Isso ocorre porque os íons que chegam ao planeta gasoso a partir de sua lua vulcânica Io são acelerados pelo seu campo magnético em direção aos pólos, onde as auroras ocorrem. A sonda Juno, também da NASA, revelou, em 2016, que os elétrons de Io também interagem com esse mesmo campo, levando à suspeita de que Júpiter pudesse emitir raios-x bem mais poderosos por meio deles.

E foi isso que o telescópio da NASA identificou ao observar Júpiter: “é bem difícil para um planeta gerar raios-x na faixa de intensidade detectada pelo NuSTAR”, disse Kaya Mori, astrofísica da Universidade de Columbia e autora do novo estudo. “Entretanto, Júpiter tem um campo magnético gigantesco, e ele gira muito rapidamente. Essas duas características significam que a ‘magnetosfera’ do planeta age como se fosse um grande acelerador de partículas, e é isso que torna possível essas emissões de grande energia”.

Em outras palavras: sabe o Grande Colisor de Hádrons (LHC), o maior acelerador de partículas do mundo, em Genebra, na Suíça? Imagine que Júpiter tem um muitas vezes maior que ele, só que natural.

O que nos leva à solução do mistério da sonda Ulysses — e, sinceramente, é a explicação mais simples possível: em maiores níveis de energia, raios-x ficam mais e mais difíceis de serem vistos. Por isso, quando a Ulysses passou por Júpiter, ela não viu nada — nenhum tipo de raio-x —, simplesmente porque as emissões de Júpiter estão fora da capacidade de detecção dos instrumentos que ela tinha na época.

Os detalhes da descoberta foram descritos no jornal científico Nature Astronomy.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

Redator(a)

Rafael Rigues é redator(a) no Olhar Digital