A rapper americana Heather Morgan, mais conhecida pelo nome artístico “Razzlekhan”, foi presa junto de seu esposo – Ilya Lichtenstein. Ambos são acusados de terem participado do roubo bilionário de criptomoedas, do qual a vítima foi a empresa Bitfinex, em 2016.

De acordo com os documentos da prisão, o casal é acusado de tentar cobrir o próprio rastro por meio de “um labirinto de transações e compras de criptomoedas”. Ao todo, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ) apreendeu o equivalente a US$ 3,6 bilhões (R$ 18,91 bilhões).

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A rapper 'Razzlekhan'- nome real "Heather R. Morgan" - pode ser parte de um esquema bilionário de roubo de bitcoins ocorrido em 2016
A rapper ‘Razzlekhan’- nome real “Heather R. Morgan” – pode ser parte de um esquema bilionário de roubo de bitcoins ocorrido em 2016 (Imagem: Acervo pessoal/Reprodução)

O órgão não acusa Morgan – que se refere a si mesma como “O Crocodilo de Wall Street” – de ter roubado o dinheiro diretamente. Um hacker já foi implicado no roubo em apreensão anterior: ele é quem teria transferido 119.754 bitcoins para uma carteira controlada pela cantora.

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Vale lembrar que, entre 2016 e 2022, o valor de um bitcoin flutuou muito, para baixo e para cima: na época do roubo, o conjunto de criptomoedas roubadas era equivalente a US$ 71 milhões (R$ 373,03 milhões). Hoje, o mesmo montante de bitcoins já chegou à casa dos “bi”lhões.

Em 2016, logo após o roubo, Morgan tornou-se uma figura conhecida na internet. Usuários das redes sociais rapidamente ligaram o nome “Razzlekhan” – divulgado pelo DoJ como ligado ao crime – à cantora, que já lançou músicas onde manda “um salve para os empreendedores e hackers” (especificamente, na música “Rap Anthem for Misfits & Weirdos: Versace Bedouin Music Video” – o clipe segue abaixo).

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https://www.youtube.com/watch?v=j-FPXRsC0js

Morgan também já assinou artigos publicados em revistas como Forbes e Inc., concentradas no mundo corporativo. Segundo seu perfil biográfico na Forbes:

“Heather R. Morgan é uma economista internacional, empreendedora de série e investidora de empresas de software B2B. Ela é uma expert em persuasão, engenharia social e teoria dos games. Morgan é co-fundadora e CEO da Endpass, que usa inteligência artificial para automatizar a verificação de identidades enquanto proativamente detecta fraudes. Quando ela não está praticando engenharia reversa em mercados paralelos para criar melhores formas de se combater o cibercrime e a fraude, ela gosta de cantar rap e criar roupas da moda urbana”.

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Em seu conjunto de artigos assinados na revista, porém, são poucos os relacionados à cibersegurança. Em sua maioria – incluindo o último, em setembro de 2021 -, eles são mais relacionados a peças opinativas sobre personalidades famosas e psicologia nos negócios.

O foco está no marido de ‘Razzlekhan’

Apesar de toda a persona de sua esposa – e da maior parte das notícias do assunto se concentrarem nela -, os documentos do DoJ são majoritariamente focados em Ilya Lichtenstein. De acordo com seu perfil no LinkedIn, ele responde como co-fundador da Endpass e de uma empresa chamada MixRank.

Segundo o departamento, a acusação é a de que Lichtentstein coordenava um esquema de lavagem de dinheiro por meio de transações em blockchain, movendo os bitcoins roubados em várias compras, que consistiam, basicamente, de vouchers em lojas como Walmart, PlayStation Network, Uber e Hotels.com, além de algumas transações envolvendo tokens não fungíveis (NFTs). No entanto, eles supostamente mentiram para as autoridades sobre como conseguiram tantas criptomoedas e também da natureza dessas compras.

As autoridades chegaram ao casal por causa de um “vacilo” da esposa, porém: ‘Razzlekhan’ teria feito o upload de um arquivo contendo uma lista de quantas bitcoins ainda sobraram na carteira – junto de um endereço eletrônico que apontava para a carteira sobre a qual a polícia já estava de olho – em um serviço de hospedagem de arquivos na nuvem (o DoJ não especificou qual). Na mesma lista também havia uma série de endereços de e-mail que as autoridades já sabiam ser de destinatários que receberam a criptomoeda após o roubo de 2016.

A lista estava criptografada, mas sua proteção foi quebrada após a obtenção de um mandado judicial.

O Departamento de Justiça vai comunicar os donos das bitcoins roubadas sobre quando eles poderão requisitá-las de volta, mas ainda não informaram um prazo para isso.

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