Amostras coletadas por missão chinesa trazem nova cronologia da Lua

Missão Chang’E-5, lançada em novembro de 2020, também trouxe material que nos fez revisar a história de diversos corpos espaciais
Por Rafael Arbulu, editado por Rafael Rigues 15/02/2022 17h09, atualizada em 16/02/2022 10h23
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Imagem: NASA/Divulgação
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Ciência não é só descoberta, mas também releitura do que já era conhecido: a prova mais recente disso é uma nova cronologia da história da Lua, estabelecida graças à análise de amostras coletadas pela missão chinesa Chang’E-5, lançada da Terra em novembro de 2020.

De acordo com os autores do estudo, as amostras não só estabelecem uma nova cronologia da Lua, como também nos dão uma linha do tempo mais detalhada em relação a diversos corpos espaciais das regiões mais internas do sistema solar.

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Em novo estudo, a cronologia geológica da Lua acabou atualizada para um modelo bem mais preciso, que deve servir como principal referência para pesquisas futuras
Em novo estudo, a cronologia geológica da Lua acabou atualizada para um modelo bem mais preciso, que deve servir como principal referência para pesquisas futuras. Imagem: Evgeniyqw/Shutterstock

As primeiras amostras da Lua foram coletadas durante a missão Apollo 11 e a visita de Neil Armstrong, Buzz Aldrin e Jim Lovell, em julho de 1969. Outras amostras foram coletadas até 1976. Segundo o processo de radiometria que determinou suas idades, as amostras tinham, respectivamente, mais que três bilhões de anos (1969) e menos que um bilhão de anos (1976) — idades reais das regiões de onde as amostras foram retiradas.

Isso representa um problema: apesar das amostras criarem a fundação do método de contagem de crateras (incluindo áreas não visitadas, como o lado escuro da Lua) e, consequentemente, a determinação da idade de todo o nosso satélite, um espaço não contabilizado de dois bilhões de anos corresponde à metade da cronologia geológica da Lua.

Nisso, veio a missão Chang’E-5, que tinha por objetivo vasculhar a superfície da Lua em busca de crateras mais jovens — cerca de 2 bilhões de anos ou menos — para refinar esses resultados. E em dezembro de 2020, a sonda que deu nome à missão aterrissou na área conhecida como “Oceanus Porcellarum” (o “Oceano de Tempestades”, na tradução direta), de onde retirou amostras datadas de 2,03 bilhões de anos.

Após o retorno das amostras e extensivas análises, um novo modelo de pesquisa foi estabelecido, reduzindo esse espaço de incerteza de dois bilhões de anos para algumas centenas de milhões — 200 milhões, para ser mais exato.

O efeito disso, na prática, é o de que a missão Chang’E-5 se tornará o ponto de referência primário quando estudos do futuro tiverem que considerar a cronologia da Lua, agora com informações mais atualizadas.

O estudo completo já está disponível no jornal científico Nature Astronomy, após revisão de seus pares.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

Redator(a)

Rafael Rigues é redator(a) no Olhar Digital