Você certamente já ouviu falar que a Lua influencia no corte de cabelo, nas gestações, na personalidade das pessoas (para aqueles que acreditam em astrologia) e até no nosso humor. Se isso tudo é ou não verdade, não podemos ter certeza. No entanto, em termos astronômicos (e não astrológicos), ela pode ter tido uma responsabilidade ainda maior: ter permitido a nossa existência na Terra

Tamanho da Lua gerou condições propícias para o surgimento da vida na Terra, segundo estudo. Imagem: mr.Timmi – Shutterstock

Isso é o que muitos astrônomos defendem há bastante tempo, com base em estudos científicos. Agora, uma nova abordagem, publicada esta semana na revista Nature Communications vai além, trazendo à tona que nosso planeta tinha as dimensões certas para formar um satélite natural tão grande, e que justamente o tamanho da Lua é que teria possibilitado o surgimento da vida por aqui.

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Esse estudo, realizado por pesquisadores da Universidade de Rochester, em Nova York, revelou que planetas rochosos com diâmetro superior a 1,6 vezes o da Terra e planetas gelados com um diâmetro superior a 1,3 vezes o do nosso mundo provavelmente não podem criar luas que teriam esses efeitos favoráveis à vida sobre eles.

Clima ameno na Terra é favorecido pela Lua

Nossa Lua tem um raio maior que um quarto do raio da Terra. Essa é uma proporção muito maior do que a de qualquer outra lua em nosso sistema solar e seu planeta hospedeiro. Graças ao seu grande tamanho em comparação com o planeta, a Lua controla o comprimento do dia da Terra e governa as marés oceânicas. Ela também estabiliza o eixo de rotação do planeta, que, por sua vez, estabiliza seu clima ameno, que é uma das principais características que um mundo deve ter para suportar a vida.

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Segundo os cientistas, a Lua nasceu de uma colisão cataclísmica de uma Terra nascente com um mundo do tamanho de Marte conhecido como Theia. Esse impacto ejetou uma enorme quantidade de material, parte do qual se transformou em vapor devido ao calor gerado pelo evento.

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Por algum tempo, esse material circulou a Terra em um disco semelhante ao sistema de anéis de Saturno. O material nesse disco, acreditam os cientistas, gradualmente deu origem a luas menores, que posteriormente se fundiram para formar uma grande.

Então, por que planetas maiores não podem alcançar o mesmo resultado final? De acordo com a pesquisa, baseada em modelagem computacional, se mundos maiores se colidem, a energia do impacto é tanta que todo o material ejetado vaporiza, e não somente parte dele. E isso faz diferença.

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A grande quantidade de vapor ao redor do planeta cria o que se conhece como arrasto, o que gradualmente desacelera as luas à medida que orbitam o planeta, fazendo-as cair em sua superfície, constatou o estudo. O arrasto é um fenômeno ocasionado por forças de fricção, que agem em direção paralela à superfície do objeto, e de forças de pressão, que atuam em uma direção perpendicular à superfície do objeto.

Novas descobertas podem ajudar cientistas a focar suas buscas por planetas habitáveis

“Nossas simulações de impacto mostram que planetas terrestres e gelados maiores que 1,3-1,6 vezes o raio da Terra produzem discos de vapor totalmente, que não conseguem formar uma lua fracionariamente grande”, declararam os pesquisadores. “Nossa representação suporta os modelos de formação lunar que produzem discos pobres em vapor, e exoplanetas rochosos e gelados cujos raios são menores que 1,6 vezes o raio da Terra são candidatos ideais para hospedar exoluas [luas orbitando planetas fora do nosso sistema solar] fracionariamente grandes”.

As descobertas desse estudo podem ajudar os astrônomos a ajustar sua busca por planetas potencialmente habitáveis, já que, com isso, eles simplesmente deverão se concentrar naqueles que podem ter uma lua grande em comparação com o seu tamanho.

“Ao entender as formações lunares, temos uma restrição melhor sobre o que devemos procurar ao buscar planetas semelhantes à Terra”, disse Miki Nakajima, professora assistente de ciências da Terra e do meio ambiente na Universidade de Rochester. “Esperamos que as exoluas estejam em todos os lugares, mas até agora não confirmamos nenhuma. Nossas restrições serão úteis para observações futuras”.

Mais de 5 mil exoplanetas já foram descobertos. Mas, até agora, uma lua não foi encontrada em nenhum deles, embora os cientistas tenham encontrado algumas candidatas.

Nakajima sugere que a razão para essa ausência de luas externas ao nosso sistema solar pode ser devido simplesmente ao tamanho dos planetas estudados. “A busca por exoplanetas tem sido tipicamente focada em mundos maiores que seis massas terrestres”, disse ela. “Estamos propondo que, em vez disso, devemos olhar para planetas menores porque eles provavelmente são melhores candidatos para hospedar luas fracionariamente grandes”.

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