Neuralink nega acusações de maus tratos a animais e diz que processo foi feito em má-fé

Startup médica fundada e liderada por Elon Musk afirma que processo do qual é alvo na esfera federal não estabelece o real contexto
Por Rafael Arbulu, editado por Rafael Rigues 15/02/2022 17h35, atualizada em 15/02/2022 18h00
neuralink-testes-humanos-chip2
Imagem: Neuralink/Reprodução
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Sim, animais morreram, mas em outro contexto: após dois dias em silêncio, a Neuralink negou acusações de maus tratos a animais, feitas em um processo federal movido contra a empresa de Elon Musk em relação aos testes de implantes de chips cerebrais em macacos.

O processo, reportado na última segunda-feira (14) pelo Olhar Digital, afirma que pesquisadores da Universidade da Califórnia-Davis — ex-parceira de estudos da Neuralink — haviam oferecido “zero atendimento veterinário” a animais que estavam à beira da morte. O documento citou eventos de “traumas faciais, convulsões” e até um onde “um macaco estava sem dedos nas mãos e nos pés”, atribuindo o caso a automutilação decorrente de traumas.

Leia também:

De acordo com comunicado publicado pela empresa em seu site oficial, a ação, movida pelo Comitê de Médicos pela Medicina Responsável (PCRM, na sigla em inglês), foi feita em má-fé. A Neuralink não nega a morte dos animais, mas nega maus tratos, atribuindo tudo isso a casos de eutanásia — quando o sacrifício se torna uma opção de tratamento frente a problemas grandes demais para serem suportados ou que vão comprometer a vida normal de um paciente.

“Quando se inicia esse tipo de pesquisa, cirurgias inovadoras são tipicamente executadas em cadáveres de animais e, depois, em animais com aflições terminais”, diz trecho do comunicado. Por “aflições terminais”, a Neuralink refere-se a animais com alguma doença ou outra dificuldade clínica que os mataria de qualquer forma.

“Cadáveres são animais mortos que passaram por um processo humanizado de eutanásia, mediante decisão veterinária vinda de uma preocupação médica ou então que passaram por eutanásia em algum estudo anterior”, continuou o texto.

Após a abertura dos documentos do processo — que até a notícia anterior, estavam selados —, determinou-se que a PCRM acusou a Neuralink de usar uma espécie de cola chamada “BioGlue”, que teria “destruído porções” dos cérebros dos primatas. A BioGlue não possui seu uso aprovado por autoridades federais para uso cerebral, mas é amplamente utilizada como substância adesiva para fechar cortes cirúrgicos, por facilitar a cicatrização.

“Todo o trabalho com animais feito na UC-Davis foi aprovado pelo seu Comitê Institucional de Cuidados e Uso de Animais (IACUC), como manda a lei federal, e todo o suporte pós-operatório e clínico, incluindo as decisões terminais, foram supervisionados pelo seu time veterinário extremamente dedicado”.

O comunicado segue dizendo que “na Neuralink, nós somos absolutamente comprometidos com o trabalho com animais na forma mais humanizada e ética possível”.

Ainda é cedo para dizer o que resultará de toda essa situação, mas o fato de que a Neuralink já divulgou progressos de sua pesquisa — como um macaco jogando videogame sem controles — certamente atraiu uma boa dose de atenção aos seus trabalhos.

Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!

Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

Redator(a)

Rafael Rigues é redator(a) no Olhar Digital