Como a maioria de nós aprendeu na escola, ao despejarmos óleo na água, os dois líquidos não se misturam. Em vez disso, formam-se duas fases, sendo que o óleo fica na parte de cima, por ser menos denso que a água. Assim, o óleo é chamado de hidrofóbico (a junção de hidro, que significa “água”, e fóbico, referente a “fobia” ou “aversão”).

O óleo, por ser uma substância hidrofóbica, não se mistura com a água. Imagem: malialeon — Shutterstock

Em um dos grandes desafios da ciência, um dispositivo criado pela Universidade Flinders, na Austrália, está tentando quebrar esse conceito de fluidos imiscíveis. Segundo os cientistas responsáveis, isso poderia aprimorar muitos produtos futuros, aperfeiçoar processos industriais e até mesmo melhorar os alimentos que consumimos.

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Usando técnicas de fluxo de fluido rápido altamente avançadas aplicadas no chamado Dispositivo Vórtice de Fluidos Flinders (VFD), a equipe de pesquisa encerrou 10 anos de estudos para encontrar uma maneira de usar a química limpa para desvendar o mistério da “mistura de imiscíveis”.

Experiência com água e óleo pode ajudar a indústria farmacêutica e de alimentos

“Isso terá aplicações em uma gama de indústrias mundiais, desde processamento de alimentos e nutracêuticos até cosméticos e entrega de medicamentos. Pense em cápsulas de óleo de peixe mais puras e eficazes”, diz o professor Colin Raston, autor sênior de um artigo publicado na Chemical Science.

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“A mistura de líquidos imiscíveis é fundamentalmente importante na engenharia de processos e geralmente exige muita energia e gera resíduos”, diz Raston. “Agora demonstramos como esse processo, usando um solvente comum e água, pode evitar o uso de outra substância para controlar reações em líquidos imiscíveis, tornando-as mais limpas e verdes”, conclui o professor de Tecnologia Limpa.

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“Realizamos mais de 100 mil experimentos para estabelecer como os líquidos se misturam e quais são seus comportamentos de fluxo em dimensões muito pequenas”, acrescenta o coautor Aghil Igder, da mesma instituição.

Além disso, a equipe pode usar a máquina VFD em polímeros biodegradáveis experimentais para começar a tornar suas substâncias orgânicas e tecnologias limpas disponíveis em escala para atender a uma gama de indústrias.

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Ultimamente, o VFD tem sido usado em vários experimentos para produzir elementos medicamentosos de qualidade, como peptídeos, melhor óleo de peixe e produtos alimentícios e muitos outros processos químicos verdes que agora podem ser replicados em uma versão em larga escala do dispositivo, que já foi desenvolvida.

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