Mineração de Bitcoin causa emissão de carbono comparável à de países inteiros, diz pesquisa

Gabriel Sérvio25/02/2022 18h58, atualizada em 25/02/2022 19h01
Usina de carvão com ilustração de torres de resfriamento de bitcoin, mineração de bitcoin usando combustíveis fósseis criando aumento na poluição e acelerando as mudanças climáticas
Imagem: HollyHarry/Shutterstock
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Um novo estudo aponta que o Bitcoin ficou ‘menos verde’ desde que a China decidiu adotar uma série de medidas contra a mineração de criptomoedas. Pesquisadores estimam que a extração de Bitcoins causa emissão de CO2 comparável à de toda a Grécia.

O Bitcoin, sugere a pesquisa, produz 65,4 milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano. Em comparação, a Grécia emitiu 56,6 milhões de toneladas de dióxido de carbono em 2019.

O uso de energia renovável na mineração, por sua vez, caiu de 41,6% em 2020 para apenas 25,1% em agosto do ano passado. Curiosamente, o mesmo período em que as mineradoras de criptoativos foram obrigadas a deixar de usar a energia das hidrelétricas chinesas. Desde então, muitas passaram a operar em outros países, como EUA e Cazaquistão.

Os mineradores de Bitcoin geralmente se mudam para países com eletricidade mais barata, já que os dispositivos utilizados na mineração costumam consumir muita energia. 

Pesquisadores dizem que pode ser por isso que o Bitcoin se tornou menos ecológico. “Observamos a rede (do Bitcoin) se tornando menos verde do que nunca”, disse Alex de Vries, um dos autores do estudo publicado na Joule Magazine.

Ilustração sobre o debate do uso de energia em criptomoedas e o seu impacto ambiental.
Ao todo, a pesquisa estima que a pegada de carbono do Bitcoin aumentou cerca de 17%. Imagem: Overearth/Shutterstock

Os resultados vão contra as expectativas sobre o uso de energia renovável na mineração de criptoativos. O Bitcoin Mining Council, por exemplo, chegou a estimar que o uso de energia sustentável na indústria de mineração global “havia crescido para 58,5%”.

No fim, considerando todos os achados, a pesquisa estima que a pegada de carbono do Bitcoin aumentou cerca de 17%.

“A pegada de carbono por transação única de Bitcoin é de algo como 669 quilos de dióxido de carbono”, disse De Vries. O que, segundo o pesquisa, se compara à pegada de carbono por passageiro de um voo de Amsterdã para Nova York.

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Migração dos mineradores impulsionou o consumo de combustíveis fósseis

A tendência de mudança dos mineradores para os EUA, por exemplo, aumentou o consumo de combustíveis fósseis na extração de criptomoedas, principalmente gás natural, disse De Vries. 

O pesquisador acrescenta que alguns estados do país, como Texas, Kentucky e Geórgia, inclusive concedem incentivos fiscais para atrair mineradores de Bitcoin.

No caso do Cazaquistão, o caso é ainda mais grave, já que a nação ainda opera com usinas de energia a carvão, uma fonte de energia ainda mais poluente.

De Vries e os coautores da pesquisa reforçam a necessidade da indústria de criptomoedas acelerar os seus esforços de descarbonização. Uma das iniciativas cujo objetivo é alcançar este fim é a ‘Crypto Climate Accord’.

Seus membros já se comprometem a atingir emissões zero relacionadas às suas operações de criptomoedas até o ano de 2030. Ainda assim, o relatório conclui que ainda não há “uma solução rápida para a pegada de carbono do Bitcoin à vista”.

Fonte: Joule Magazine, BBC

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Gabriel Sérvio é formado em Comunicação Social pelo Centro Universitário Geraldo Di Biase e faz parte da redação do Olhar Digital desde 2020.