A Patagônia está mais alta, e agora cientistas querem saber o porquê

Derretimento de gelo preocupa estudiosos climáticos, que buscam relação dele com um espaço nas placas tectônicas sul americanas
Por Rafael Arbulu, editado por Rafael Rigues 02/03/2022 14h50, atualizada em 02/03/2022 16h25
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Imagem: ichywong/Shutterstock
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O degelo (derretimento de gelo) e a elevação do terreno da Patagônia, na América do Sul, estão conectados com um espaço não preenchido nas placas tectônicas do continente – o que incentivou um grupo de pesquisadores a estudar a relação entre todos esses efeitos.

Segundo o time liderado pelo geólogo Douglas Wiens, professor de Artes e Ciências na Universidade de St. Louis, o primeiro estudo sísmico da Patagônia foi completado e descreve de forma detalhada a dinâmica dos movimentos geológicos abaixo da superfície.

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Em regiões como a geleira Perito Moreno, na Argentina, estão fazendo com que o terreno da Patagônia se eleve
Em regiões como a geleira Perito Moreno, na Argentina, estão fazendo com que o terreno da Patagônia se eleve (Imagem: VarnaK/Shutterstock)

“Variações de tamanho das geleiras, conforme elas crescem e encolhem, combinadas com a estrutura do manto que nós imaginamos para este estudo, estão rapidamente incentivando a elevação variável da região”, disse Hannah Mark, ex-estudante pós doutorado e investigadora que assina a autoria primária da pesquisa.

A conclusão: uma falha não preenchida na placa tectônica sul americana permitiu que um material mais viscoso e mais quente do manto fluísse por baixo da região dos Andes, onde está a Patagônia. Acima dessa falha, os campos de gelo começaram a encolher, removendo um peso que, antes, fazia com que o continente se movesse para baixo. Consequentemente, áreas que antes eram cobertas por gelo começaram a se elevar.

“A baixa viscosidade faz com que o manto responda ao degelo em décadas, ao invés de milênios, conforme já observamos em outros locais, como o Canadá”, disse Wiens. “Isso explica porque o GPS mediu uma ampla elevação causada pela perda de massas de gelo. Outro detalhe significativo é que a viscosidade é mais alta no sul do campo de gelo da Patagônia, se comparado ao gelo no norte dela, o que ajuda a explicar porque as taxas de elevação de terreno variam do norte para o sul”.

Então, em termos simples: onde havia gelo, agora há água. O gelo, solidificado, era pesado e mantinha o fluxo de material do manto para baixo. Com o seu derretimento, a água remove um peso do manto, permitindo que ele suba e, junto com ele, o terreno da Patagônia.

Mas os geólogos indicam que evidências desse efeito têm aparecido em vários locais do mundo: além da Patagônia e do Canadá, pedaços da Europa também apresentam isso – que os cientistas chamam de “ajuste isostático glacial”.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

Redator(a)

Rafael Rigues é redator(a) no Olhar Digital