Existe uma teoria relativamente antiga de que o Stonehenge, monumento localizado na Inglaterra e o último sobrevivente das Sete Maravilhas do Mundo Antigo, era usado por civilizações passadas como uma espécie de calendário do ano solar.
Essa teoria nunca foi devidamente comprovada, mas um novo estudo considerou o número de pedras do local, suas respectivas posições e comparações com outros sistemas antigos de marcação de tempo para estimar uma série de detalhes sobre como o monumento antigo pode ter sido usado como uma forma de anotar os dias do ano.
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A nova pesquisa deriva de um estudo anterior que revelou que as Pedras Sarsen (imensos blocos de arenito silicificado) que compõem a maior parte de Stonehenge vêm da mesma fonte, ou seja, elas foram erguidas na mesma época, provavelmente com a intenção de funcionarem juntas de alguma forma prática.
Com base nisso, o arqueólogo Timothy Darvill, da Universidade Bournemouth, no Reino Unido, analisou os anéis formados pela posição específica das pedras de Stonehenge e como eles poderiam ser seguidos como uma espécie rudimentar de calendário para pessoas que viviam na região entre os anos 3.000 a.C a 2.700 a.C (“antes de Cristo”).
“O calendário proposto funciona de forma bem direta”, disse Darvill. “Cada uma das 30 pedras no Círculo de Sarsen representa um dia de um mês, ele próprio dividido em três semanas de 10 dias. O mês intercalado, provavelmente dedicado às divindades da região, é representado pelos cinco trilitos no centro do monumento. As quatro pedras estacionárias fora do Círculo de Sarsen oferecem marcações que eventualmente levam a um dia bissexto”.
“Trilito” é, a grosso modo, uma estrutura formada por duas pedras verticais que sustentam uma pedra vertical logo acima delas.
O interessante é que essa interpretação mostra que o suposto calendário considera também o dia 29 de fevereiro – o dia “a mais” que nosso calendário gregoriano também contabiliza quando nosso ano tem 366 dias ao invés de 365.
O estudo ressalta que o arranjo das pedras de Stonehenge não contempla com exatidão os 12 meses do calendário que conhecemos. Entretanto, a forma como as pedras são posicionadas permitia que, em um calendário de ano solar, os solstícios de inverno e verão fossem visualizados pelo mesmo par de pedras todo ano. Isso serviria como uma forma de se evitar erros: se o Sol estivesse em uma posição diferente da antecipada pelas pedras, então as pessoas da região sabiam que houve um erro de cálculo em algum lugar, voltando os dias até encontrarem o problema e corrigi-lo.
Vale lembrar que semanas com 10 dias não são exatamente uma novidade: marcações similares foram identificadas em outras partes da Europa e até no Egito antigo, então há uma certa credibilidade na aposta desse estudo.
A pesquisa completa está disponível no jornal científico Antiquity.
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