Apesar de todo o atrito geopolítico entre EUA e Rússia, em virtude da guerra russo-ucraniana, a NASA celebrou mais um recorde quebrado: o astronauta da agência espacial americana, Mark Vande Hei, é dono do voo espacial mais longo dos EUA, completando 340 dias passados no espaço.

Vande Hei conta com cinco missões em seu currículo – especificamente, Expedition 53 e 54, e, depois, 64, 65 e 66. Em todas elas, o astronauta de 55 anos serviu como engenheiro de voo. Em sua última viagem, em 2021, ele deveria ficar “apenas” seis meses na Estação Espacial Internacional (ISS), mas sua viagem acabou estendida por mais um semestre, e hoje (15), ele teve confirmado o recorde que, antes, pertencia a Scott Kelly.

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O astronauta da NASA Mark Vande Hei visto na Estação Espacial Internacional em junho de 2021. (Crédito da imagem: NASA)

“Eu não tinha muita certeza de que o voo seria tão longo quando eu parti [da Terra], mas eu certamente sabia que seria uma possibilidade”, disse o astronauta durante uma entrevista com a emissora americana CBS em janeiro de 2022. “Eu sentia que essa era uma oportunidade de preencher uma demanda que tínhamos, e eu fiquei muito feliz de ser a pessoa a fazer isso”.

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Vivendo na ISS desde abril de 2021, Vande Hei viu muita coisa lá em cima: a primeira equipe de cinema a gravar um longa-metragem na estação, por exemplo. A sua permanência estendida também ajudou a NASA a estudar os efeitos da permanência prolongada no espaço para o corpo humano – um estudo que ainda está vigente, considerando que o astronauta não deverá ter muito sossego quando retornar.

Vale lembrar que o recorde de Vande Hei não acabou: o seu retorno está marcado para o dia 30 de março deste ano e, até lá, a contagem de seu currículo espacial só fará aumentar. Entretanto, o voo mais longo da história ainda é russo: o cosmonauta Valery Poliyakov chegou à marca de 437,35 dias no espaço, a bordo da antiga Estação Espacial Mir, em 1995.

E falando em retornos…

Rússia promete: Mark Vande Hei voltará à Terra

Na última semana, a situação de guerra entre a Rússia e a Ucrânia – amplamente condenada por vários países no mundo – quase fez de Vande Hei uma vítima. Embora as relações entre a NASA e a Roscosmos (agência espacial russa) seja uma de colaboração cautelosa, o diretor russo Dmitry Rogozin chegou a ameaçar o não retorno do astronauta americano.

Isso porque Vande Hei, junto dos cosmonautas russos Anton Shkaplerov e Pyotr Dubrov, voltará à Terra em uma nave Progress (Soyuz), de origem russa, provavelmente descendo no Cosmódromo Baikonur, no Cazaquistão. A estrutura é de controle russo.

A questão da ameaça tem um tom mais profundo: desde quando a guerra começou, os Estados Unidos vêm impondo sanções severas à economia da Rússia, o que vem afetando a Roscosmos em ampla escala. Em uma medida nada amistosa, Rogozin já havia ameaçado “deixar a ISS cair” sem suporte russo por causa das sanções e, na última sexta-feira (11), veio a notícia de que ele estaria pronto para trazer os cosmonautas de volta à Terra – sem o astronauta americano.

Não que isso fosse de todo um problema: a NASA também tem parceria com a SpaceX e a Northrop Grumman para o transporte de cargas e, no caso da empresa de Elon Musk, pessoas. É bem provável que, se Rogozin cumprisse a ameaça, a agência americana contratasse um voo de resgate com a SpaceX.

De qualquer forma, isso não será necessário: de acordo com um comunicado da agência estatal russa de notícias, a TASS, a Roscosmos pretende cumprir sua promessa de trazer todos os viajantes da ISS no dia 30, conforme anteriormente planejado. O comunicado até cita Vande Hei por nome:

“O astronauta estadunidense Mark Vande Hei voltará para casa a bordo de uma nave Soyuz MS-19 junto dos russos Anton Shkaplerov e Pyotr Dubrov em 30 de março. A Roscosmos nunca permitiria que alguém duvidasse de sua confiabilidade como parceria”.

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