Um dos últimos porta-aviões da Marinha americana movidos a combustível fóssil, o Kitty Hawk, está a caminho do Brasil. Recentemente, o histórico porta-aviões, comissionado para a Guerra do Vietnã, ficou conhecido pelo que se entendeu nos Estados Unidos como “a transação da década”, após ser vendido a 1 centavo de dólar (cerca de R$ 0,05) para a International Shipbreaking Limited. A empresa fará o desmanche da embarcação em um estaleiro no Texas, ainda neste ano.

O nome é uma homenagem aos Irmãos Wright, que fizeram seus primeiros voos, em 1903, na cidade do mesmo nome, no estado da Carolina do Norte.

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O Kitty Hawk chegou nesta sexta-feira (1º) ao porto de Montevidéu, no Uruguai. O navio partiu rebocado de Seattle, noroeste dos Estados Unidos, no dia 15 de janeiro e fez paradas em Los Angeles, Manzanillo (México) e Valparaíso (Chile). A próxima escala da viagem será em Salvador, a capital da Bahia, porém ainda não há uma data determinada — o percurso depende das condições de navegação na costa brasileira nas futuras semanas. O mais provável é que seja no fim do mês.

Um modo mais fácil de levar o Kitty Hawk de Seattle até o Texas — as duas regiões ficam em lados opostos nos EUA — seria pelo canal do Panamá. Mas o porta-aviões era muito grande para fazer a travessia, motivo que levou a International Shipbreaking a contornar a América do Sul inteira pelo Estreito de Magalhães para chegar ao sul do país. A jornada inteira levará cerca de 30 mil quilômetros e terminará em junho.

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Sem condições de navegação, o porta-aviões Kitty Hawk é levado por um comboio formado por quatro rebocadores (veja no vídeo abaixo). A embarcação não traz tripulantes a bordo por motivos de segurança.

Papel essencial no Vietnã

Encomendado em 1961, o porta-aviões foi um dos três modelos Kitty Hawk a servirem na Marinha americana. Os outros foram o America e o Constellation, desativados, respectivamente, em 1996 e 2003. Inicialmente impulsionada por turbinas a vapor, a embarcação foi convertida em 1973 para alimentação a diesel.

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Porta-aviões Kitty Hawk
Porta-aviões Kitty Hawk esperando seu destino no estaleiro de Puget Sound, em Seattle (EUA) (Quillc/Wikimedia/CC)

O Kitty Hawk participou de forma decisiva na Guerra do Vietnã e no Iraque. Na campanha da Indochina, somente entre dezembro de 1967 e fevereiro de 1968, os aviões em embarque voaram para mais de 5 mil missões, segundo o site Naval History and Heritage Command.

A ação fez parte da ofensiva do Tet, em que as forças americanas e sul-vietnamitas precisaram de uma ampla defesa coordenada contra a FNL (Frente Nacional para a Libertação do Vietnã) — conhecida como vietcongues no Ocidente — e o exército norte-vietnamita.

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O porta-aviões também foi utilizado no conflito americano contra o Iraque antes de ser desativado em 12 de maio de 2009.

A transação que envolveu o Kitty Hawk foi cercada de controvérsia nos Estados Unidos, uma vez que a International Shipbreaking Limited não informou o quanto irá lucrar com a quantidade de aço, ferro e minérios de metais não-ferrosos provenientes da destruição do navio. À época de sua fabricação, no início dso anos 60, o navio custou US$ 264 milhões.

Crédito da imagem principal: William H. Ramsey/Wikimedia/CC

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