Nova espécie de bagre descoberta no Brasil recebe nome de “Wolverine”

Peixe classificado como “Hopliancistrus wolverine” cona com três garras escondidas e pode ser encontrado na Bacia do Rio Xingu
Por Rafael Arbulu, editado por André Lucena 01/04/2022 17h27, atualizada em 01/04/2022 18h21
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Imagem: Shoal Conservation/Divulgação
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A bacia do Rio Xingú, no planalto do Mato Grosso, tem um X-man vivendo em suas águas: segundo um catálogo de novas espécies divulgado pela Shoal Conservation detalha uma nova espécie de bagre (catfish, para os entusiastas da pesca) classificada como “Hopliancistrus wolverine” em homenagem ao icônico herói de baixa estatura e muita bestialidade da Marvel Comics.

Isso porque o peixe em questão esconde três garras em cada guelra, as quais são ejetadas quando ele se sente ameaçado. Originalmente, ele foi descoberto em 1989, marcado como membro da espécie “Hopliancistrus tricornis”. Entretanto, cientistas reavaliaram os peixes tricornis, quebrando essa classificação em cinco espécies distintas, sendo o “Wolverine” uma delas.

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O bagre apelidado de "Wolverine", uma nova espécie de peixe descoberta no Brasil, tem três garras escondidas debaixo das guelras, as quais ele usa para perfurar predadores....ou dedos
O bagre apelidado de “Wolverine”, uma nova espécie de peixe descoberta no Brasil, tem três garras escondidas debaixo das guelras, as quais ele usa para perfurar predadores….ou dedos (Imagem: Shoal Conservation/Reprodução)

De acordo com os especialistas, apesar do nome feroz, o H. wolverine é exclusivamente herbívoro, se alimentando de algas e plantas ribeirinhas. Mesmo assim, eles alertam que a sua manipulação deve ser feita com cautela: as garras podem machucar bastante qualquer pessoa desavisada que o agarrar.

“Outras espécies relacionadas da mesma família – mesmo aquelas com grandes espinhos – não são conhecidas por demonstrarem esse comportamento”, disse Harmony Patricio, gerente de conservação ambiental da Shoal. “Os pesquisadores que descreveram essa espécie acabaram com alguns ferimentos bem grandes nos dedos enquanto coletavam espécimes do meio ambiente”.

De acordo com Lucia Py-Daniel, uma pesquisadora da Shoal envolvida na análise do bagre “Wolverine”, essas garras podem facilmente atravessar um dedo. “Quando eu estive capturando o peixe na bacia do Rio Tapajós, todos nós tivemos sangramentos ou ferimentos nos dedos, causados pela violência com que o animal tentava nos espetar com essas garras perto da sua cabeça”, ela contou. “No campo, os pescadores locais começaram a chamá-lo de ‘Buffalo Bill’”.

Não é a primeira vez que a Marvel se mistura com o meio ambiente da vida real: em 2019, o peixe Cirrhilabrus wakanda foi descoberto na costa de Zanzibar, uma ilha próxima à Tanzânia. E há também a Humorolethalis sergius, popularmente conhecida como “mosca Deadpool”, descoberta em 2019 e assim chamada pelas suas marcações pretas e vermelhas que lembram a máscara do personagem dos quadrinhos e filmes.

Voltando ao catálogo da Shoal, além do bagre wolverine, ele também detalha a “enguia cega de Bombaim” (ironicamente descoberta em um poço dentro de uma escola para crianças cegas na Índia; e o Danionella cerebrum, um tipo de peixe que consegue reverberar o próprio corpo como se fosse um tamborzinho.

O documento foi disponibilizado publicamente em formato pdf, já disponível para download.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

André Lucena
Ex-editor(a)

Pai de três filhos, André Lucena é o Editor-Chefe do Olhar Digital. Formado em Jornalismo e Pós-Graduado em Jornalismo Esportivo e Negócios do Esporte, ele adora jogar futebol nas horas vagas.