Secas relâmpago são aquelas que chegam de forma repentina, arruinando o solo em questão de dias a semanas. Esses eventos podem acabar com as culturas e causar enormes perdas econômicas, e a velocidade com que eles devastam a paisagem, segundo os cientistas, vem aumentando.

Pesquisadores da Universidade de Tecnologia do Texas, da Universidade do Texas em Austin (EUA) e da Universidade Politécnica de Hong Kong (China) descobriram que, embora o número de secas relâmpago — ou flash — tenha se mantido estável nas últimas duas décadas, mais deles estão chegando mais rápido.

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Cientistas apontam o aumento das temperaturas globais como principal responsável pela aceleração das secas. Imagem: Joseph Kreiss – Shutterstock

Globalmente, as secas mais rápidas aumentaram cerca de 3% a 19%. E em lugares especialmente propensos a secas relâmpagos — como o Sul e o Sudeste da Ásia e o centro da América do Norte — esse aumento é em torno de 22% a 59%.

Para Jackson School Zong-Liang Yang, professor da UT e coautor da pesquisa, publicada na Nature Communications, o aumento das temperaturas globais provavelmente está por trás desse início mais rápido. Ele acrescentou que os resultados do estudo ressaltam a importância de entender esses fenômenos e se preparar para seus efeitos. “Todos os anos, estamos vendo episódios de aquecimento recorde, e isso é um bom precursor dessas secas”, disse Yang. “A esperança e o propósito desta pesquisa é minimizar os efeitos prejudiciais”.

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Liderado pela doutoranda Yamin Qing e pelo professor Shuo Wang, ambos da Universidade Politécnica de Hong Kong, o estudo tem uma grande importância haja vista que as secas flash são relativamente novas para a ciência. O avanço da tecnologia de sensoriamento remoto durante as últimas duas décadas foi que ajudou a revelar cada vez mais casos de solo se secando rapidamente.

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Como o nome sugere, as secas relâmpago são de curta duração, geralmente durando apenas algumas semanas ou meses. Mas quando ocorrem durante períodos críticos de crescimento, podem causar desastres, como, por exemplo, no verão de 2012, que uma seca relâmpago no centro dos EUA destruiu uma safra de milho murhe, levando a uma perda estimada de US$ 35,7 bilhões.

Talos de milho seco em Iowa durante a seca relâmpago do verão de 2012, que aniquilou as culturas e causou perdas de US$ 35,7 bilhões. Imagem: Departamento de Agricultura dos Estados Unidos

No novo estudo, os cientistas analisaram conjuntos globais de dados hidroclima que usam satélites medidores de umidade do solo para capturar uma imagem global das secas flash e como seu perfil mudou nos últimos 21 anos. 

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Segundo os dados, de 34% a 46% delas vieram em cerca de cinco dias. O restante, surge dentro de um mês, com mais de 70% se desenvolvendo em meio mês ou menos.

O estudo também revelou a importância da umidade e dos padrões climáticos variáveis, com as secas relâmpago se tornando mais prováveis quando há uma mudança de condições úmidas para áridas. Isso faz com que regiões que sofrem oscilações sazonais na umidade — como o Sudeste Asiático, a Bacia Amazônica e a Costa Leste e a Costa do Golfo dos EUA — avistam os pontos quentes da seca. “Devemos prestar muita atenção às regiões vulneráveis com uma alta probabilidade de seca simultânea do solo e aridez atmosférica”, disse Wang. 

Mark Svoboda, diretor do Centro Nacional de Mitigação da Seca e idealizador do termo “seca flash”, disse que o avanço na tecnologia de detecção de seca e ferramentas de modelagem — como as usadas nesse estudo — levou à crescente conscientização sobre a influência e o impacto das secas relâmpago. 

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