Asteroide Bennu tem uma “armadura natural” contra impactos, diz estudo

Asteroide próximo à Terra tem cerca de meio quilômetro de extensão, mas não tem tantas crateras quanto deveria, o que intrigou cientistas
Por Rafael Arbulu, editado por André Lucena 07/04/2022 17h54, atualizada em 07/04/2022 17h57
Asteroide Bennu
Este mosaico de Bennu foi criado usando observações feitas pela espaçonave OSIRIS-REx da NASA (Imagem: NASA/Goddard/Universidade do Arizona)
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Pesquisadores da Lockheed Martin publicaram um paper que afirma que o asteroide Bennu, localizado a 7,48 milhões de quilômetros (km) da Terra, conta com uma proteção – uma “armadura natural”, parafraseando os estudiosos – contra impactos de outros corpos celestes.

De acordo com o estudo, a superfície do Bennu é relativamente protegida de choques, apresentando muitas crateras, porém, bem menos do que os cientistas esperavam em suas projeções.

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"Pois nós somos muitos": natureza do asteroide Benny lhe confere uma armadura natural na forma de várias pequenas rochas que absorvem impactos sem que onda de choque seja propagada
“Pois nós somos muitos”: natureza do asteroide Benny lhe confere uma armadura natural na forma de várias pequenas rochas que absorvem impactos sem que onda de choque seja propagada (Imagem: NASA/OSIRIS-Rex/Reprodução)

De acordo com Edward “Beau” Bierhaus, autor primário do estudo, tudo tem a ver com a formação do Bennu, que difere da maioria dos asteroides convencionais. Segundo ele, ao invés de um único “pedação” de rocha do espaço, o asteroide é mais um punhado de pequenas rochas, pedaços de pedras e poeira. Todo esse conjunto é “apertado” um item próximo aos outros pela gravidade.

Isso explica a ausência de crateras no número esperado pela equipe: “estatisticamente, nós esperávamos ver bem mais crateras pequenas, mas elas simplesmente não estão lá”, disse Bierhaus.

Segundo o time, essa natureza protege o asteroide de grandes choques. Quando algo bate nele, a onda de impacto é impedida de se propagar por todo o conjunto, sendo na verdade absorvida por apenas uma de suas rochas menores ou mesmo um punhado delas.

“Quando atinge o Bennu, não há uma transferência eficaz da energia de impacto por todo o seu corpo”, disse Bierhaus. “Não há como ela se propagar devidamente a ponto de afundar e formar uma cratera”.

Entender essa natureza do ponto de vista científico é importante não apenas pelo caráter de pesquisa, mas também de proteção: cientistas estimam que quase todos os asteroides próximos à Terra tenha essa mesma natureza e, no caso do Bennu, se algo o desviasse e ele chegasse a uma rota de impacto conosco, precisaríamos atacá-lo com um impacto próprio para escaparmos do perigo – embora ele tenha apenas meio quilômetro de extensão, um choque direto com o nosso planeta poderia ser extremamente perigoso.

Entretanto, fica difícil mirar um impactor artificial em algo que, como dissemos, é um punhado de rochas. Um erro ou um alvo erroneamente selecionado, e nós arriscamos uma missão inteira para não alterarmos sua rota o suficiente. Isso, fora o fato já estabelecido de que o Bennu tem sua armadura natural.

O estudo completo está disponível na Nature Geoscience.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

André Lucena
Ex-editor(a)

Pai de três filhos, André Lucena é o Editor-Chefe do Olhar Digital. Formado em Jornalismo e Pós-Graduado em Jornalismo Esportivo e Negócios do Esporte, ele adora jogar futebol nas horas vagas.