Cientistas encontram evidências da mais antiga aurora celestial em antigo documento chinês

Texto conhecido como “Anais do Bambu” relata “cinco cores no céu”; região mencionada condiz com tempestade geomagnética na China Antiga
Rafael Arbulu18/04/2022 13h40
Aurora e Pilares de Luz sobre a Noruega
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A mais antiga aurora celestial ocorreu na China Antiga, em um período “próximo ao fim do reinado do rei Zhao, da dinastia Zhou”. O monarca liderou um dos cinco estados antigos da nação asiática, especificamente entre os anos 977 a.C (antes de Cristo) até sua morte em combate, 20 anos depois.

A fonte da informação é um estudo produzido por cientistas da Universidade de Nagoya, no Japão, que identificou o registro em uma passagem do documento conhecido como “Anais do Bambu” – um material extremamente antigo cheio de crônicas sobre vários eventos da China antiga – que fala sobre uma noite onde a região central do país viu “cinco luzes coloridas no céu”.

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As luzes da mais antiga aurora foram observadas na China Antiga, durante um período de extrema guerra civil entre sete estados majoritários da nação asiática
As luzes da mais antiga aurora foram observadas na China Antiga, durante um período de extrema guerra civil entre sete estados majoritários da nação asiática (Imagem: Erkki Makkonen/Shutterstock)

Segundo os cientistas, o relato foi escrito, provavelmente, entre os anos 977 a.C e 957 a.C e, embora o momento exato seja incerto, a sua descrição é consistente com uma tempestade geomagnética particularmente forte. Na época, dizem os cientistas, o eixo da Terra estava inclinado cerca de quinze graus (15º) para o lado eurasiano, o que facilitaria a observação das luzes na China.

Tempestades geomagnéticas são eventos meteorológicos decorrentes de ejeções de massas coronais – em termos simplistas, um pedaço do Sol se desprende da estrela e é carregado pelos ventos solares em direção à Terra: de um lado benéfico, isso causa as chamadas luzes de aurora. De um lado bem negativo, isso pode causar transtornos desde blecautes de comunicações eletrônicas até tirar satélites de suas órbitas, além de ser bem perigoso a astronautas.

O novo registro tira o primeiro lugar do evento tido como, até então, a mais antiga aurora celestial: uma série de luzes foram observadas entre 679 a.C e 655 a.C, compiladas em placas de metal e escrita cuneiforme por astrônomos assírios. Além destes, um outro evento, em 567 a.C, também foi observado pelo rei Nabucodonosor da Babilônia.

Estudos que traçam a linha do tempo de eventos meteorológicos têm grande importância na ciência, pois ajudam especialistas a encontrar padrões de mudanças climáticas que podem trazer grande influência na vida das pessoas. Tempestades solares de grandes magnitudes podem trazer grande impacto para a Terra, então qualquer preparação antecipada que possamos ter é uma vantagem a nosso favor caso tais eventos venham a nos causar problemas.

O estudo sobre a descoberta foi publicado no jornal científico Advances in Space Research.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.