Rivian critica empresas de semicondutores por privilegiarem montadoras tradicionais

Por conta da falta de semicondutores, Rivian reduziu meta de linha de montagem de 40 para 25 mil unidades em 2022, atraindo críticas
Por Lucas Berredo, editado por Fábio Marton 20/04/2022 09h51, atualizada em 20/04/2022 13h01
Rivian R1T: montadora espera ter 10% das vendas globais de EVs em 2030
Jarlat Maletych/Shutterstock
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A Rivian vem encontrando dificuldades para atender às suas demandas de produção. Para este ano, a startup já reduziu a meta de linha de montagem de 40 mil para 25 mil unidades na fábrica de Normal, em Illinois (EUA). O que reflete, na visão do CEO R.J. Scaringe, não uma incompetência da Rivian, mas uma prioridade das empresas de semicondutores a fabricantes mais tradicionais.

“Tenho que ligar para o fornecedor de semicondutores Y e dizer que foi isso que o fornecedor X nos deu, e deixar todos confortáveis porque o sistema [de distribuição e venda de chips] não foi comprovado”, explicou o chefe executivo da montadora à agência de notícias Reuters.

Para Scaringe, os fornecedores de semicondutores refreiam a remessa, pois desconfiam que a Rivian usa a escassez de chips como desculpa para acobertar problemas de produção. “É frustrante”, admite o executivo.

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Rivian R1T (Rivian/Divulgação)

Dan Hearsch, diretor administrativo da empresa de consultoria AlidPartners, acredita que as alegações de Scaringe fazem sentido. Segundo o especialista, os fornecedores de semicondutores privilegiam grandes marcas porque elas se dispõem a pagar por um alto volume de insumos de forma antecipada. Além disso, há desconfiança em torno de jovens fabricantes. “Com base em volume, reputação e consistência, elas [grandes montadoras] são mais atraentes”, disse Hearsch à Reuters.

Atualmente, a Rivian constrói picapes R1T e SUVs, além de montar vans para a Amazon. Primeira fabricante a lançar uma picape elétrica, ela foi recebida (a princípio) com entusiasmo no mercado até suas ações caírem em mais de 60% nesse ano em relação ao pico de US$ 178,47 em novembro de 2021. O motivo foi justamente o corte de produção para 25 mil unidades na planta de Illinois — comprada da Mitsubishi em 2017.

No primeiro trimestre de 2022, a startup americana montou uma média de 40 veículos por jornada — menos de uma hora de produção, se a fábrica estivesse funcionando com turnos completos.

RJ Scaringe, CEO da Rivian
RJ Scaringe com o protótipo da picape R1T no Salão do Automóvel de Los Angeles, em 2018 (Richard Truesdell/Wikimedia/CC)

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Apesar da desconfiança no mercado, Scaringe afirmou que, no fim de 2021, a Rivian tinha mais de US$ 18 bilhões em caixa (R$ 83 bilhões, aproximadamente) e que, por conta disso, não deve precisar de capital em curto prazo.

Mais do que isso, ele ressalta, a Rivian precisa começar a autofinanciar suas necessidades de capital. Isso inclui a construção de uma nova linha de montagem na Geórgia, sudeste dos Estados Unidos, para futuras picapes compactas, e investimentos para aperfeiçoar a produção de baterias.

A Rivian ainda quer fabricar suas próprias células de bateria, ao mesmo tempo em que expande sua lista de fornecedores. “Em longo prazo, imaginamos um mundo onde faremos nossas próprias células, e compraremos células de grandes parcerias”, explicou o executivo. “Essas duas não são mutuamente exclusivas.”

Crédito da imagem principal: Jarlet Malevych/Shutterstock

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Lucas Berredo é redator(a) no Olhar Digital

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