Os bebês humanos recém-nascidos vêm ao mundo extremamente vulneráveis. Porém, será que foi sempre assim? Cientistas descobriram recentemente que isso é verdade há pelo menos 3 milhões de anos.

Ou seja, Lucy e as hominídeas Australopithecus tiveram uma experiência semelhante a de uma mulher moderna durante o parto. O motivo se deve, em última análise, ao fato de sermos bípedes.

Em resumo, andar sobre duas pernas alterou o formato da pélvis, o que nas fêmeas se traduziu em partos mais complexos e na geração de bebês “imaturos”, isto é, mais vulneráveis e dependentes.

Reconstrução da hominídea Lucy
Reconstrução da hominídea Lucy, exposta no Museu da Evolução, na Polônia, em 2018. Imagem: GregGrabowski / Shutterstock

Para conseguir investigar os partos em tempos remotos, os pesquisadores adaptaram um programa de acidentes de carros para rodar a simulação da biomecânica dos partos.

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O ancestral escolhido para comparação foi o australopiteco, uma espécia extinta que viveu na África entre 3,2 e 1,8 milhões de anos atrás. Trata-se de um hominídeo majoritariamente bípede com um cérebro pequeno ao chegar à idade adulta.

“[O tamanho do cérebro] é quase comparável ao de um chimpanzé, então imagina-se seres primitivos com partos simples”, explicou Pierre Frémondière, principal autor do estudo publicado na revista Communications Biology, à agência AFP.

No entanto, os pesquisadores descobriram o contrário: esse ancestral tinha um parto mais parecido com o que vivemos hoje.

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Descoberta inédita

Os cientistas utilizaram três tamanhos diferentes de cabeça para simular qual dimensão da cabeça permitia uma saída viável do canal de parto: 110g, 145g (próximo ao do chimpanzé) e 180g (como o humano moderno).

O que eles descobriram é que apenas os cérebros entre 110 e 145 gramas conseguiam sair sem problemas. “Com a opção menor, calculou-se uma proporção de 28% a 30%, que é muito próxima à configuração do Homo sapiens“, disse o pesquisador.

Assim, os cientistas conseguiram determinar, pela primeira vez, qual era o tamanho do crânio de uma criança Australopithecus. E, semelhante aos dias de hoje, os recém-nascidos tinham uma cabeça pequena em relação à fase adulta.

Ou seja, esses recém-nascidos – assim como os filhotes humanos atuais – eram vulneráveis e dependentes de suas mamães por mais tempo. Curiosamente, isso significou mais socialização, mobilização de funções cognitivas superiores e, finalmente, o aumento do tamanho do cérebro durante a evolução humana.

Via: Tilt e Communications Biology

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