Muitos vírus e bactérias podem ser transmitidos de animais para humanos. Alguns desses patógenos são inofensivos, mas outros podem gerar doenças graves, como no caso de um estudo conduzido na Dinamarca que revelou superbactérias que podem ser transmitidas de porcos para humanos.

Os pesquisadores da Universidade de Copenhague e do Statens Serum Institute da Dinamarca acreditam que isso é causado devido ao uso intensivo de antibióticos nas fazendas de criação, o que pode ter tornado os porcos resistentes a eles. 

A superbactéria em questão encontrada nos porcos é a Clostridioides difficile, considerada uma das principais ameaças à resistência dos medicamentos no mundo. “A nossa descoberta indica que o C difficile é um reservatório de genes de resistência antimicrobiana que podem ser trocados entre animais e humanos”, disse Semeh Bejaoui, coautora do estudo, ao The Guardian.

Essa superbactéria infecta o intestino e até o momento resiste a quase todos os antibióticos usados em seu combate. Alguns genes presentes na infecção podem causar diarréia e inflamação intestinal o que, em caso de pacientes com sistema imunológico comprometido, pode levar à morte.

publicidade

Superbactérias em porcos

“Esta descoberta alarmante sugere que a resistência aos antibióticos pode se espalhar mais amplamente do que se pensava anteriormente e confirma os elos na cadeia de resistência que leva de animais de fazenda a humanos”, completa ainda a coautora.

Leia mais:

O uso intensivo de antibióticos em fazendas de animais está acelerando a resistência contra esses medicamentos. Antibióticos que antes eram eficazes contra as bactérias estão se tornando menos capazes de evitar doenças e infecções. “Estamos perdendo nossos antimicrobianos de primeira linha. Os tratamentos de substituição são mais caros, mais tóxicos, precisam de tempos de tratamento muito mais longos e podem exigir tratamento em unidades de terapia intensiva”, disse Margaret Chan, ex-diretora geral da Organização Mundial da Saúde, segundo o jornal britânico.

A pesquisa dinamarquesa conclui que as cepas da superbactéria encontradas nos porcos são idênticas as presentes em humanos. “Ainda temos que mostrar que as cepas foram passadas de porcos para humanos, mas o que nosso estudo deixa claro é que fazendas que usam antibióticos estão criando condições que permitem que cepas resistentes floresçam e estas acabarão por infectar humanos”, finaliza Bejaoui.

Já assistiu aos novos vídeos no YouTube do Olhar Digital? Inscreva-se no canal!