A possível descoberta da existência de vida em Marte está bem próxima de acontecer. Nesta terça-feira (17), a sonda Perseverance da NASA atingiu um momento crucial em sua missão: o robô de seis rodas começará a escalar um antigo delta na cratera onde pousou. Nesse local, há rochas com grandes chances de conterem sinais de vida que possivelmente existiram no planeta vermelho, assim como evidências sobre as mudanças climáticas ocorridas ao longo dos tempos. A ideia é enviar o material para Terra até 2030, quando uma análise mais detalhada acontecerá por aqui. 

“O delta na cratera Jezero é o principal alvo astrobiológico da Perseverance. Estas são as rochas que acreditamos ter o maior potencial para conter sinais de vida antiga e também podem nos contar sobre o clima de Marte e como isso evoluiu ao longo do tempo”, afirmou a vice-cientista do projeto, Katie Stack Morgan. 

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Entenda o delta e sua importância 

Um delta é uma estrutura que se forma a partir do lodo e da areia despejados por um rio quando ele entra em um corpo de água maior. A desaceleração repentina que ocorre no fluxo do rio permite que qualquer coisa transportada em suspensão caia.

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O delta contém rochas de granulação fina depositadas em camadas. No caso de Jezero, o corpo de água mais largo era muito provavelmente um lago com a largura de uma cratera que existia há bilhões de anos.

“Os rios que fluem para um delta trazem nutrientes, que são úteis para a vida, obviamente; e então o sedimento de grão fino que é trazido e depositado em alta taxa em um delta é bom para preservação. Além disso, se houvesse vida no interior, isso poderia ter sido levado rio abaixo e concentrado em um delta.”, explica o cientista da missão, Sanjeev Gupta, do Imperial College London, no Reino Unido.

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Sonda Perseverance perfura rochas e armazena amostras para análise após o retorno à Terra. Imagem: NASA/JPL-CALTECH/MSSS

Trabalho minucioso

Nos últimos dias, a Perseverance se deslocou em direção a uma “rampa” no delta apelidado de Hawksbill Gap. Esta é uma inclinação suave que levará o robô a uma elevação de algumas dezenas de metros acima do chão da cratera. 

Presente em Marte desde fevereiro de 2021, a sonda vem desde lá testando ferramentas e instrumentos, pilotando um mini-helicóptero experimental e coletando uma impressão geral do local. 

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Mas o principal objetivo do robô, em Marte, sempre foi contribuir com o estudo dos sedimentos no oeste de Jezero. Região que só foi atingida em abril deste ano, onde há os restos de um antigo delta de um rio que existia na cratera Jezero, seu local de pouso de 45 quilômetros de largura.   

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Uma ilustração mostra a Cratera Jezero, como ela teria sido há bilhões de anos, se tivesse sido um lago. Imagem: NASA/JPL-CALTECH

Com base em imagens de satélite, cientistas suspeitam se tratar de um delta. As observações iniciais do Perseverance no solo agora confirmaram essa avaliação.

“A sonda tem um conjunto incrível de instrumentos que podem nos informar sobre a química, mineralogia e estrutura do delta, examinando os sedimentos até a escala de um grão de sal”, disse a cientista da missão Briony Horgan, da Universidade de Purdue, no Estado americano de Indiana.

“Vamos aprender sobre a química deste antigo lago, se suas águas eram ácidas ou neutras, se era um ambiente habitável e que tipo de vida ele poderia ter sustentado.”

Apesar de ninguém ter certeza se houve ou não vida em Marte, essas rochas que a Perseverance irá recolher no fundo da cratera poderão trazer os sinais que os cientistas tanto aguardam. 

Missões para trazer as amostras à Terra 

Após o trabalho minucioso da sonda Perseverance, o desafio será trazer as amostras coletadas para a Terra. A expectativa é que aconteça um trabalho conjunto entre a NASA e a Agência Espacial Europeia. 

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Ilustração das amostras deixando Marte para a Terra em um foguete lançado da Cratera Jezero. Imagem: NASA

Ambas estão em estágios avançados no planejamento das missões necessárias para pegar essas rochas depositadas e enviá-las para cá. O projeto envolve outra sonda, um foguete e uma espaçonave transportadora, que devem ser lançados até 2030.   

Via: BBC News

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