Cratera submersa de vulcão em atividade abriga colônia de tubarões

Por Flavia Correia, editado por André Lucena 24/05/2022 12h46, atualizada em 24/05/2022 13h16
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Imagem: National Geographic
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Imagens capturadas recentemente pelo satélite Landsat-9, lançado pela NASA em setembro de 2021, mostram o poderoso vulcão submarino Kavachi, localizado nas Ilhas Salomão e um dos mais ativos do Oceano Pacífico, que entrou em erupção há cerca de seis meses. O que é surpreendente em relação a isso é que a cratera submersa, envolta por águas incrivelmente quentes e ácidas, é habitada por uma colônia de tubarões.

Os animais foram revelados pela primeira vez em 2015, no documentário “Sharkcano”, da National Geographic. Segundo especialistas que fizeram parte do filme, aparentemente, os tubarões-martelo e tubarões-seda que vivem ali não são afetados pelas interferências do vulcão em seu habitat.

“A ideia de haver animais grandes como tubarões saindo e vivendo dentro da cratera do vulcão entra em conflito com o que sabemos sobre Kavachi, que é que ele entra em erupção. Quando isso acontece, não há como nada viver na região”, explicou, na época, Brennan Phillips, estudante de doutorado em oceanografia biológica da Universidade de Rhode Island, no Reino Unido, entrevistado no documentário.

Agora, graças às imagens coletadas pelo satélite Landsat-9, os cientistas confirmaram que, mesmo com o vulcão em atividade, a colônia de tubarões continua ali. “É isso que torna a descoberta desses animais dentro do vulcão tão confusa. Eles estão vivendo em um lugar onde podem ‘morrer a qualquer momento’, então como eles sobrevivem?”, questionou Phillips. “Lá é muito turvo, então a água é muito escura. Nenhuma dessas coisas é boa para os peixes”.

O satélite Landsat-9, da NASA, registrou atividade vulcânica do Kavachi no dia 14 de maio deste ano. Imagem: NASA

De acordo com o Programa Global de Vulcanismo do Instituto Smithsonian, administrado pelo governo dos EUA, o vulcão Kavachi entrou em erupção em outubro de 2021, e novos dados de satélite apontam atividade ao longo de vários dias entre abril e maio de 2022. 

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Até agora, o vulcão já passou por pelo menos 11 grandes erupções desde o fim da década de 1970, e duas (em 1976 e 1991) foram tão poderosas que criaram novas ilhas. No entanto, essas ilhas não eram grandes o suficiente para resistir à erosão e acabaram ficando submersas.

“É completamente normal”, diz pesquisadora sobre animais vivendo em vulcões submarinos

Pesquisas anteriores mostraram que plumas de água ácida normalmente contêm material particulado, fragmentos de rocha vulcânica e enxofre. Esse cenário teria levado os tubarões a se adaptarem a tais condições, haja vista que elas também tornam o ambiente rico em nutrientes que são benéficos a esses animais e a outros diversos tipos de vida marinha, como arraias de seis guelras, pargos, águas-vivas e comunidades microbianas.

“É completamente normal que haja tubarões e outras formas de vida marinha em torno de vulcões subaquáticos, já que também contribui para o ecossistema dessa maneira”, declarou a especialista Kadie Bennis, pesquisadora de dados de vulcanologia do Smithsonian, em entrevista ao New York Post, lembrando que até mesmo cidades são construídas em volta de vulcões.

“Se não houvesse vulcões em certas áreas, não haveria recifes ou terra”, disse Michael Heithaus, ecologista marinho e professor do departamento de Ciências Biológicas da Universidade Internacional da Flórida. “Isso significaria que as espécies de tubarões que precisam desses habitats não poderiam viver nessas áreas sem a presença de um vulcão. Onde você tem muita comida, você tende a ter muitos tubarões, se não houver muita pesca para reduzir suas populações”.

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Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.

André Lucena
Ex-editor(a)

Pai de três filhos, André Lucena é o Editor-Chefe do Olhar Digital. Formado em Jornalismo e Pós-Graduado em Jornalismo Esportivo e Negócios do Esporte, ele adora jogar futebol nas horas vagas.