Hollywood há muito tempo é governada por instituições gigantes: dos estúdios da era de ouro do cinema às famosas empresas de streaming de hoje. Nos últimos anos, com o advento de criptomoedas, blockchain e outras tecnologias descentralizadas, o núcleo tradicional de produções audiovisuais teve os poderes monolíticos centralizados afetados de forma que o modelo adotado hoje pode estar com os dias contados.

Segundo David H Steinberg, diretor do sucesso de bilheteria “Onze Homens e um Segredo” (“Ocean’s Eleven”) e da franquia “Magic Mike”, essa ruptura já deveria ter acontecido.

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O cineasta é um dos principais colaboradores do HollywoodDAO, uma organização autônoma que serve como um estúdio de cinema, com foco principal em ajudar os criadores a encontrarem investimentos para seus projetos. O HollywoodDAO visa construir um sistema mais democrático e tem como meta arrecadar entre US$ 2 e 5 milhões, por meio de uma venda de token que será usada para financiar um projeto produzido por Steinberg.

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“O problema do sistema atual é ser muito centralizado, por isso as pessoas assistiram a muitos filmes de super-heróis nos últimos dez, 20 anos”, diz, sobre o atual modelo de financiamento. O resultado desse ciclo vicioso é que filmes de baixo e médio orçamento, como costumam ser os de produtores independentes, são excluídos ou desvalorizados.

Outros artistas querem apostar na revolução do cinema. De acordo com o site IndieWire, especializado na indústria audiovisual, o diretor estadunidense Steven Soderbergh se uniu a uma organização sem fins lucrativos baseada em blockchain, a Decentralized Pictures, com uma doação de US$ 300 mil para apoiar cineastas em curtas ou longas-metragens em inglês e descobrir novos talentos.

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Outro modelo de financiamento sendo usado é o Visible Project, que usa NFT’s para arrecadar dinheiro e, com isso, permitir que os detentores de tokens votem em projetos que estão aptos a receber o investimento.

Isso acontece para enaltecer os contadores de histórias de todo o mundo e oferecer um papel significativo no ecossistema de filmes independentes. Aproveitando, é claro, os rendimentos de NFTs de cineastas lendários que usam a Web 3.0 e o poder da comunidade para remodelar o futuro do audiovisual.

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O cineasta Spike Lee é um exemplo disso. Ele acaba de participar do Visible Project colocando à venda NFTs para uma coleção de obras baseadas em fotos de seu filme “Ela Quer Tudo”, de 1986. Devem ser colocadas à venda 3.945 NFTs Ethereum com imagens estáticas de Lee interpretando o personagem Mars Blackmon. Cada NFT foi renderizada a partir da impressão original de 35 mm do filme usando o recurso da chamada arte generativa – um tipo de ação quando a NFT é registrada -, além de quadros e outros detalhes para tornar tudo visualmente exclusivo e especial.

Para finalizar, o Festival de Cinema de Cannes, junto da revista digital Decrypt, do First Flight 3, projeto que impulsiona novos filmmakers a terem notoriedade, e da Decentralized Pictures realizaram um evento para discutir o futuro do cinema, chamado de The Future of Film (https://film3.events/), com intuito de explorar e debater como as tecnologias Web3, blockchain e NFTs mudarão o rumo da indústria.

Apesar de estarmos no início dessa revolução, a cada dia surgem novos cases e projetos experimentais nessa área. O que acontecerá com a indústria cinematográfica? É uma resposta que depende das novas tecnologias que surgirão.

*Luciano Mathias é CCO da TRIO

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