Propulsão de foguetes pode aumentar poluição na alta atmosfera, diz estudo

Pesquisa da Universidade de Nicosia investigou como dióxido de carbono e cinzas de combustão de espalham no céu com a passagem de foguetes
Rafael Arbulu03/06/2022 17h28
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New Shepard Blue Origin lançamento Imagem: Blue Origin
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Uma pesquisa conduzida por especialistas da Universidade de Nicosia, no Chipre, afirma que o escape de componentes químicos usados na propulsão dos foguetes pode contribuir para um aumento da poluição na alta atmosfera.

Segundo o estudo, vários agentes poluentes permanecem na mesosfera (a parte da atmosfera entre 50 e 80 quilômetros de altitude), concentrados por muito mais tempo – e esse tempo só aumenta com cada lançamento feito.

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Sistemas de propulsão de foguetes como o Falcon 9, da SpaceX, dispersam poluentes nas camadas mais altas da atmosfera, o que deve trazer impactos climáticos no futuro (Imagem: Michael Vi/Shutterstock)

Dentre os poluentes identificados, está o conhecido dióxido de carbono, um dos principais vetores do aquecimento global. Os pesquisadores consideraram emissões geradas por um dos foguetes mais conhecidos da atualidade – o Falcon 9, da SpaceX. Segundo as informações divulgadas, o foguete usa combustível fóssil e um composto contendo oxigênio líquido.

Durante a propulsão, o escape do foguete produz dióxido de carbono e vapor d’água, bem como quantidades variadas de partículas de poeira, óxidos nitrosos e enxofre. Com exceção deste último, todos os outros são gases que contribuem com o efeito estufa, que por sua vez amplia o aquecimento global.

O problema, no entanto, é a localização desse acúmulo de poluentes: ao contrário das camadas mais acessíveis da atmosfera, a mesosfera é relativamente limpa. Mas com o estudo já identificando altas concentrações agora e a indústria aeroespacial promovendo cada vez mais lançamentos, os cientistas temem que isso pode trazer um impacto desfavorável no futuro.

Felizmente, as empresas do setor parecem estar de ouvidos abertos para isso: tanto a SpaceX como a Blue Origin já confirmaram que gerações futuras de suas naves – respectivamente, a Starship e a New Glenn – usarão um composto de metano como combustível.

Estudos já confirmaram que o metano é muito mais eficiente por queimar quase que por completo durante o processo de propulsão de foguetes, evitando que ele se concentre e se acumule na atmosfera.

A pesquisa foi publicada no jornal científico Physics of Fluids

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.