Astrônomos observaram, pela primeira vez, um cometa rochoso se desintegrando próximo do Sol. Uma pesquisa publicada nesta quarta-feira (15) no periódico científico The Astronomical Journal descreve a trajetória do corpo espacial, denominado 323P/SOHO.
Segundo os autores do artigo, a ocorrência desse tipo de cometa perto da nossa estrela hospedeira é algo raro, e essa descoberta, que foi possível graças a vários telescópios posicionados ao redor do mundo, poderá ajudar a entender o motivo.
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O amplo campo de visão do Telescópio Subaru, no Havaí, permitiu que os cientistas encontrassem o cometa 323P/SOHO à medida que ele se aproximava do Sol. Esta foi a primeira vez que os pesquisadores o observaram com um telescópio, o que permitiu delimitar melhor sua órbita pouco conhecida.
Feito isso, os astrônomos puderam finalmente apontar outros telescópios para o cometa 323P/SOHO, enquanto esperavam que ele se afastasse do Sol novamente. Foram utilizados no estudo: o Telescópio Canadá-França-Havaí, localizado no cume do vulcão havaiano Mauna Kea; o telescópio Gemini North do Observatório Gemini, que também é no Havaí; o Lowell Discovery Telescope, do estado americano do Arizona, e o Telescópio Espacial Hubble.
“O Telescópio Canadá-França-Havaí forneceu os melhores dados de cobertura, e o Observatório Gemini forneceu os pontos de dados mais densos”, disse Man-To Hui, primeiro autor do estudo, em um comunicado.
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Segundo as observações, a rocha espacial gira rapidamente, levando pouco mais de meia hora por volta ao redor do Sol. Sua cor varia tanto que não se assemelha a nenhum outro objeto no Sistema Solar. “A coloração é bizarra e muda temporalmente de uma maneira nunca antes vista”, revelou Hui.
Ele contou que, para a surpresa da equipe de pesquisadores, 323P/SOHO mudou de aparência durante sua passagem próxima ao Sol. O que antes era nada mais do que um ponto, acabou se tornando a longa cauda do cometa com poeira ejetada.
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Os cientistas acreditam que a intensa radiação solar fez com que partes do objeto se quebrassem, em um processo semelhante ao que acontece quando cubos de gelo entram em contato com um líquido quente e acabam trincando e se despedaçando.
Para os autores, tal mecanismo de perda de massa pode explicar o que acontece com os cometas próximos do Sol e por que são tão raros.
Embora a proximidade com a estrela faça com que esses corpos sejam tecnicamente difíceis de se observar, cientistas acreditam que realmente existam menos cometas perto do Sol, o que pode indicar que algo os aniquila antes que eles consigam mergulhar no astro. Novos estudos devem trazer a resposta para esse enigma (além de novas perguntas).
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