Ursos marrons e ursos polares são mais próximos do que imaginávamos: graças a um novo estudo publicado na Nature Ecology and Evolution, cientistas comprovaram que uma intensa hibridização de ambas as espécies há 125 mil anos levaram todos os ursos marrons atuais a terem parte do DNA de ursos polares mais antigos.

A conclusão veio após intenso estudo de um fóssil de urso polar antigo chamado “Bruno”, com pelo menos 100 mil anos. Ao analisar o DNA do fóssil, os cientistas perceberam que, no meio do período Pleistoceno, há cerca de 100 mil anos, os ursos polares primordiais e os ursos marrons se cruzaram, fazendo com que o genoma antigo se fizesse presente em cerca de 10% do DNA dos ursos marrons de hoje.

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Bruno, na realidade, uma fêmea, era parte de uma linhagem de ursos polares que antecedeu aos exemplares que conhecemos hoje. Uma das principais características dessa vertente há muito extinta é o seu crânio mais avantajado e alongado.

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Cruzamentos entre espécies de ursos não são exatamente uma novidade: hoje, cientistas já trabalhar com a classificação do chamado urso “grolar”, resultado da união dos ursos polares com os ursos-cinzentos (“Grizzly Bears”, em inglês). Por essa lógica, o estudo também menciona pelo menos outras três ocasiões em que ursos marrons derivaram de espécies que vieram anteriormente, em intervalos de 10 mil a 25 mil anos.

De acordo com a pesquisadora correspondente Beth Shapiro, professora de Biologia Evolucionária na Universidade da Califórnia-Santa Cruz, quando falamos do cruzamento de ursos polares e outras espécies, a tendência é, quase sempre, a de que o indivíduo resultantes seja dessa segunda espécie e não um “polar”.

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“Os indivíduos híbridos, se sobreviverem [ao cruzamento], seguem como ursos marrons, talvez por terem dificuldade de caçar com sucesso em áreas de mar congelado, já que não são completamente brancos”, disse a especialista. “Ursos genuinamente polares sempre representaram uma população pequena e sem muita diversidade genética”.

Ursos marrons e ursos polares são espécies bastante diferentes entre si, com extrema discrepância em habitat, métodos de caça, comida e comportamento: os marrons tendem a ser mais habituados à presença humana, enquanto polares são mais voláteis e agressivos.

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Ainda assim, o estudo serve de prova para que, caso a necessidade apareça ou as áreas de movimentação de ambos venha a se sobrepor (algo fácil de acontecer com o avanço do aquecimento global), ursos marrons e ursos polares podem se acasalar, gerando uma maior diversidade de DNA.

Imagem destacada: angellodeco/Zhiltsov Alexandr/Shutterstock

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