Desde 2006, a sonda Mars Reconnaissance Orbiter (MRO), da NASA, vem examinando a superfície de Marte. De lá para cá, sua câmera High Resolution Imaging Science Experiment (HiRISE) já captou diversas imagens que mostram uma característica rara em determinadas áreas do planeta: uma formação geológica semelhante a “favos de mel”.

Dunas poligonais em Marte, registradas pela câmera HiRISE do Mars Reconnaissance Orbiter. Imagem: NASA/JPL/UArizona

Segundo a equipe de cientistas responsável pelo MRO, os polígonos que constituem esse tipo de solo são formados a partir de um processo contínuo de mudança sazonal a partir de gelo de água e dióxido de carbono (CO2). 

Eles descobriram que tanto a água congelada quanto o gelo seco de CO2 desempenham um papel importante na escultura da superfície de Marte em altas latitudes. Primeiro, o gelo de água “racha” o solo produzindo os polígonos. Em seguida, o gelo seco sublimado que emerge de pouco abaixo da superfície, quando o solo aquece, cria ainda mais erosão, formando canais ao redor dos limites dos polígonos.

Esse processo, de acordo com o site Science Alert, acontece durante todo o ano, mas ocorre com mais intensidade na primavera, o que é evidenciado pelas características em forma de ventoinhas azuis. Os cientistas dizem que a camada de gelo seco translúcido que cobre a superfície desenvolve aberturas que permitem que o gás escape.

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Na primavera, os terrenos em formato de favo de mel em Marte são tomados por ventoinhas azuis de gelo seco de CO2. Imagem: NASA/JPL-Caltech/UArizona

“O gás transporta partículas finas de material da superfície corroendo ainda mais os canais”, escreveu a equipe no site dedicado ao instrumento HiRISE. “As partículas caem para a superfície em depósitos escuros em forma de ventoinhas. Às vezes, as partículas escuras afundam no gelo seco, deixando marcas brilhantes onde as ventoinhas foram originalmente depositadas. Muitas vezes, a ventilação fecha, depois abre novamente, então vemos duas ou mais ventoinhas originárias do mesmo local, mas orientadas em direções diferentes à medida que o vento muda”.

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Os cientistas estudam terrenos de padrão poligonal em Marte porque essas características ajudam a entender a distribuição recente e passada de gelo na subsuperfície rasa, bem como podem fornecer pistas sobre as condições climáticas do planeta.

Solo poligonal registrado em Plutão pela sonda New Horizons. Imagem: NASA/JHUAPL/SWRI

E Marte não é o único corpo celeste com terrenos de “favo de mel” no Sistema Solar. Polígonos podem ser encontrados nas regiões polares aqui da Terra e também já foram observados em Plutão.

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