20 anos após lançamento, sonda recebe atualização para procurar água em Marte

Novo recurso chega 20 anos após o lançamento do objeto, que chegou ao planeta vermelho em dezembro de 2003, seis meses após deixar a Terra
Por Rafael Arbulu, editado por Lucas Soares 24/06/2022 15h40, atualizada em 24/06/2022 17h13
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Imagem: ESA/Divulgação
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Depois de 20 anos de seu lançamento, o Mars Express, da agência espacial Europeia (ESA), recebeu uma atualização de grande porte, que lhe permitirá vasculhar Marte (e sua lua, Fobos) em busca de água abaixo da superfície.

A atualização será usada pelo instrumento conhecido como “MARSIS” (Mars Advanced Radar for Subsurface and Ionospheric Sounding), que já fez sua fama em 2018, quando identificou um lago subterrâneo de água salgada, a mais ou menos 2,4 quilômetros (km) abaixo da superfície.

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Sob a superfície de Marte, há evidências amplas da presença de água, então o Mars Express, da ESA, recebeu uma atualização que deve facilitar a busca pelo líquido da vida no planeta vermelho
Sob a superfície de Marte, há evidências amplas da presença de água, então o Mars Express, da ESA, recebeu uma atualização que deve facilitar a busca pelo líquido da vida no planeta vermelho (Imagem: Jurik Peter/Shutterstock)

“É realmente como se nós tivéssemos instalado um novo instrumento no Mars Express, quase 20 anos após o seu lançamento”, disse o cientista chefe da missão Mars Express da ESA, Colin Wilson.

O funcionamento do MARSIS é bem simples de explicar: ele consiste de uma antena longa, de cerca de 40 metros (m) de comprimento, que envia ondas de rádio de baixa frequência em direção à superfície de Marte. Essas ondas são refletidas de volta pela superfície, e recapturadas pelo instrumento. Dependendo de como essas ondas voltam ao objeto, o Mars Express consegue diferenciar a região atingida – se é constituída de materiais como rocha, gelo; ou se tem uma configuração mais líquida, como água.

A atualização basicamente aprimora a recepção de sinal e o processamento de dados local (aquele feito pelo próprio Mars Express). Na prática, isso significa que o MARSIS será capaz de descartar dados inúteis, liberando memória enquanto, paralelamente, a melhor recepção de sinal trará informações mais detalhadas sobre o terreno.

“Nós encaramos vários desafios para melhorar o desempenho do MARSIS”, disse Carlo Nenna, engenheiro de software da ESA. “Um deles era o fato do software do MARSIS ter sido desenhado há mais de 20 anos, usando um ambiente de engenharia baseado no Windows 98!”

No presente momento, o update está em fase de instalação – convenhamos, o MARSIS está a uma distância notável de nós, então essa alteração remota leva tempo. Os cientistas, contudo, já esperam fazer o test drive em diversas regiões mapeadas, porém ainda não pesquisadas com tamanha profundidade, como algumas partes do pólo sul de Marte.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.