Um dos maiores tesouros da Paleontologia, o sítio de Cerro Chato, foi “redescoberto” após 70 anos de ele ser considerado perdido. Localizado no Rio Grande do Sul, bem perto com a nossa fronteira com o Uruguai, o local é tido como um dos mais valiosos do campo de pesquisas pré-históricas e pode oferecer mais detalhes sobre o evento de extinção ocorrido durante o Período Permiano, onde 95% da vida na Terra foi varrida do planeta.

Originalmente, Cerro Chato foi descoberto em 1951. Na ocasião, cientistas do mundo inteiro ficaram extremamente empolgados com o feito, mas o problema é que a região não tem nenhum tipo de marcação territorial natural (e, na década de 1950, tecnologias como “GPS” não eram nem mesmo sonhadas), então nós acabamos perdendo as suas coordenadas.

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O parque de fósseis de Cerro Chato era considerado perdido há décadas, mas foi redescoberto em 2019 e, agora em 2022, um estudo conduzido por especialistas brasileiros amplia a capacidade de pesquisa da região
O parque de fósseis de Cerro Chato era considerado perdido há décadas, mas foi redescoberto em 2019 e, agora em 2022, um estudo conduzido por especialistas brasileiros amplia a capacidade de pesquisa da região (Imagem: Ferraz et al./Divulgação)

“Por décadas, a localização geográfica deste sítio era desconhecida. Felizmente, depois de tanto tempo, nós teremos a oportunidade de continuar a escrever a história do sítio por meio de seu registro de fósseis”, disse Joseline Manfroi, especialistas em Paleobotânica pela Universidade do Vale do Taquari e co-autora de um estudo que descreve o parque.

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Há 260 milhões de anos, a região hoje chamada de “Cerro Chato” apresentava condições ideais de resguardar e preservar organismos mortos. Por essa razão, a maior parte das antigas rochas do parque é recheada de fósseis extremamente delicados, como plantas pré-históricas cuja fossilização é bem mais complicada que a de animais, já que vegetais não têm partes mais rígidas (ossos, por exemplo).

Cerca de 100 espécies de fósseis antigos – incluindo alguns moluscos e peixes, mas também plantas que precedem espécies modernas de coníferas e samambaias – foram catalogadas pelos cientistas originais dos anos 1950 e reafirmadas pelo time liderado por Manfroi.

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Composição mostra os descobridores originais de Cerro Chato, na década de 1950; e os "redescobridores" do parque, em 2019
Composição mostra os descobridores originais de Cerro Chato, na década de 1950; e os “redescobridores” do parque, em 2019 (Imagem: Ferraz et al./Divulgação)

Segundo os pesquisadores, porém, isso é apenas o começo: os descobridores originais de Cerro Chato não tiveram muito tempo para escavar materiais antes de perderem a localização do parque, então há uma alta probabilidade de que a região inteira traga ainda mais informações, que estão esperando para serem descobertas.

“A área ainda a ser explorada é imensa”, disse a coautora Joseane Salau Ferraz, estudante pós-doutorado da Universidade Federal dos Pampas. “Eu estimo que não exploramos nem mesmo 30% de todo o espaço disponível”.

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Segundo Ferraz, os fósseis sendo estudados agora são “testemunhas diretas das mudanças climáticas ocorridas durante o Período Permiano”. “Esses estudos nos ajudarão a entender melhor a distribuição dessas plantas ao redor do mundo”, ela comentou.

O estudo foi publicado no jornal científico Paleodest, e está disponível integralmente para download em versões para português brasileiro e inglês.

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