Pesquisadores do laboratório de sistemas motores do Instituto Federal de Tecnologia (ETH) de Zurique, na Suíça, criaram uma espécie de camiseta tecnológica que auxilia pessoas que sofrem de atrofias musculares a executarem movimentos sem impedimentos – um “exomúsculo”, se preferir.

O projeto é chamado Myoshirt e consiste, basicamente, de um colete para o tronco, dotado de prendedores em velcro que se acoplam aos bíceps e pulsos, acompanhados de uma caixinha com todo o aparato tecnológico do dispositivo.

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O “exomúsculo” funciona por meio de sensores instalados no tecido do dispositivo, permitindo que um algoritmo detecte a intenção de movimento do usuário, bem como calcular a força necessária para executá-lo. A partir daí, um pequeno motor tensiona um cabo que corre por dentro do tecido, em paralelo com os músculos – pense nele como um “tendão” artificial.

Exomúsculo

Para testes do material, foram selecionadas 12 pessoas – 10 sem nenhum impedimento físico, uma pessoa com lesão na coluna vertebral e outra pessoa que sofre de distrofia muscular severa. Esta última, Michael Hagmann, disse sofrer de uma condição rara chamada “Miopatia de Bethlem”, uma distrofia muscular congênita associada a alterações de uma proteína conhecida como “colágeno VI” e que causa contrações rígidas e perda muscular progressiva.

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“Meus braços simplesmente começaram a enfraquecer”, disse Hagmann, que foi diagnosticado em 2016.

“Ainda que hospitais tenham inúmeros ótimos dispositivos de terapia, eles são comumente caros e pouco portáteis”, disse Marie Georgarakis, ex-estudante de pós-doutorado do ETH e desenvolvedora primária do “exomúsculo”. “Além disso, existem poucos auxílios técnicos que pacientes podem usar diretamente no seu dia a dia. Queremos preencher essa lacuna”.

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Os resultados dos testes foram promissores: todos os participantes conseguiram segurar os braços no alto por muito mais tempo que o normal, e a resistência isométrica (o tempo que leva para o “cansaço” muscular entrar em cena) aumentou 30% nos pacientes sem dificuldades motoras; 60% no caso de Hagmann, e até três vezes mais no paciente com lesão na coluna.

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“Na próxima fase, queremos testar nosso protótipo fora do laboratório, em um ambiente natural com outros candidatos, usando os resultados para aprimorar ainda mais o dispositivo”, disse Michele Xiloyannis, que também atua no desenvolvimento do “exomúsculo”.

Segundo ela, ainda faltam alguns objetivos a serem cumpridos antes da Myoshirt ser produzida em massa. A ideia do time é reduzir ainda mais o seu tamanho geral para que ela possa ser vestida por baixo de roupas comuns sem atrapalhar a rotina dos usuários – hoje, o atuador motorizado e a caixa com os sensores somam cerca de 4 quilogramas (kg).

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