*Por Gabriel Sacramento

Você sabia que cerca de 75% da população mundial sofre com a intolerância à lactose? A condição pode gerar sintomas bem desconfortáveis, por isso o diagnóstico é muito importante.

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Apesar do alto índice apresentado pela pesquisa do NIH (Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos), muitas pessoas ainda convivem com o distúrbio sem um diagnóstico correto.

Isso pode interferir no tratamento e reduzir a qualidade de vida das pessoas que sofrem com esse problema.

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Diante disso, é fundamental entender alguns pontos sobre a intolerância a essa substância produzida pelo leite. 

Neste conteúdo, você vai entender o que causa a intolerância, quais são os principais sintomas e como acontece o tratamento.

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Continue a leitura para saber mais sobre o assunto!

O que é a intolerância à lactose?

A intolerância à lactose acontece quando o organismo não consegue digerir essa substância chamada de lactose, que nada mais é do que o açúcar presente no leite.

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Por isso, ao consumir produtos lácteos, pessoas com esse distúrbio costumam sentir alguns desconfortos, como gases e diarreias.

Essa condição é diferente da alergia ao leite, que é uma reação do sistema imunológico às proteínas do leite, como caseína. 

O processo da intolerância é diferente, como veremos a seguir. 

Antes de entendermos melhor o que causa a intolerância, vale destacar que o problema normalmente não apresenta riscos ou sintomas muito graves. 

O que causa a intolerância à lactose

A intolerância à lactose é diferente da alergia às proteínas do leite, como caseína. Imagem: Pixabay / Pexels

A intolerância é causada por uma deficiência na produção da enzima lactase, responsável por absorver o açúcar do leite.

Essa enzima é produzida pelo intestino delgado e tem a função de transformar a lactose em formas de açúcar mais simples, chamadas de glicose e galactose.

As partículas de glicose e galactose são absorvidas mais facilmente pela corrente sanguínea já no revestimento intestinal. 

Para quem tem intolerância, esse processo não acontece.   

Em alguns casos, a produção da enzima é muito baixa e, portanto, insuficiente para quebrar as partículas de açúcar no sangue.

Já em outros casos, ocorre a ausência da lactase no organismo, impossibilitando esse processo de absorção e gerando a intolerância. 

Dessa forma, os componentes presentes nos alimentos lácteos não são processados e, por isso, seguem até o cólon, localizado no intestino grosso.

Ao chegar no cólon, a lactose se junta a outras bactérias naturais do organismo, o que causa os sintomas e desconfortos da intolerância.

Quais são os tipos de intolerância à lactose?

A deficiência na produção da enzima lactase pode desenvolver três tipos diferentes de intolerância, com características particulares entre si.

Segundo a pesquisa “Conhecimento sobre a intolerância à lactose na população brasileira” realizada pelo Instituto Datafolha, cerca de 53 milhões de brasileiros reportaram algum tipo de desconforto ao ingerir leite ou derivados.

A intensidade desses sintomas pode variar de acordo com a quantidade de lactose consumida, assim como de um tipo de intolerância para outro.

É importante identificar a classificação do distúrbio para definir o tratamento correto. Veja a seguir quais são os graus de intolerância à lactose. 

Deficiência congênita

A intolerância congênita é uma alteração genética, que faz com que o bebê nasça com a ausência da lactase. 

Nestes casos, tanto o pai como a mãe transmitem uma mesma variante do gene para a criança. 

Esse é o tipo mais raro da condição, que tem maior incidência sobre a idade adulta e não desde o nascimento.

Deficiência primária

A deficiência primária também é determinada geneticamente, mas costuma acontecer de forma gradual, resultando na incapacidade de processar a lactose já na vida adulta.

Esse grau caracteriza-se pela queda acentuada na produção de lactase com o passar dos anos, fazendo com que o organismo não tenha enzimas suficientes para digerir os laticínios.

Deficiência secundária

O tipo secundário não é genético, mas sim uma condição adquirida por consequência de algum problema no intestino delgado. 

Isso é muito comum em pessoas que sofrem com distúrbios que afetam o intestino de alguma forma, como as doenças celíacas e a doença de Crohn, assim como pacientes que passam por sessões de quimioterapia.

Tudo isso pode sensibilizar o intestino, resultando na baixa produção de lactase. 

Contudo, o tratamento desse tipo de intolerância visa restaurar os níveis da enzima no organismo, minimizando assim os desconfortos. 

Sintomas e sinais da intolerância à lactose: fique atento

A falta de lactase no organismo deixa sinais que ajudam a identificar a intolerância a produtos lácteos. 

Como descobrir se você tem intolerância à lactose?
Imagem: Albina Gavrilovic / Shutterstock

São os sintomas gerados pelo distúrbio, que facilitam o diagnóstico e a definição do melhor tratamento para cada caso, por isso é importante ficar atento a eles.

Eles costumam aparecer em um período de 30 minutos a 2 horas após a ingestão de alimentos com lactose. 

Trouxemos uma lista com os sinais que merecem uma atenção extra. Confira a seguir quais são eles.

Dor e inchaço abdominal

Como o problema acontece no intestino, um dos sintomas mais comuns é a dor abdominal, assim como o inchaço nessa região.

Esses desconfortos aparecem após o consumo de alimentos que contêm lactose, seja o leite puro ou algum de seus derivados, como queijo e requeijão, por exemplo.

Na prática, isso acontece quando as bactérias do intestino liberam gases ao consumir o açúcar do leite ingerido e não processado pela lactase. 

Os gases se acumulam, resultando no inchaço e nas dores abdominais.

Diarreia

Quando presente no intestino, o açúcar do leite atrai partículas de água, que se acumulam e causam a diarreia.

Outro sintoma que pode ocorrer após o consumo de lactose é a constipação intestinal, conhecida como prisão de ventre. 

Apesar de ser um sintoma mais raro, é importante ficar atento a ele. 

Gases

Como já falamos no primeiro item dessa lista, as dores abdominais são um resultado dos gases que se acumulam nessa região.

Os gases são liberados por bactérias presentes no intestino e podem gerar um grande desconforto.

Azia

A azia não é um sintoma tão comum, mas pode aparecer em pessoas que sofrem com a intolerância. 

Náusea 

Os desconfortos intestinais podem acarretar náuseas e até mesmo vômitos em alguns casos. Esse é outro sintoma menos comum. 

Isso costuma acontecer quando a pessoa intolerante ingere uma grande quantidade de lactose ou tem um grau mais elevado do distúrbio e permanece sem tratamento.

Dor de cabeça

O corpo percebe quando o organismo não consegue processar corretamente um alimento, ativando mais energia para tentar solucionar o problema.

Esse aumento na demanda de energia acaba gerando dores de cabeça e cansaço, dois sintomas bastante comuns nos casos de intolerância.

Intolerância à lactose: quais são os fatores de risco?

Existem alguns fatores de risco, genéticos ou não, que podem gerar intolerância à lactose. Confira quais são eles:

  • tratamentos para o câncer: radioterapia na região abdominal ou problemas intestinais causados pela quimioterapia podem aumentar a tendência à intolerância;
  • bebês prematuros: crianças que nascem prematuramente podem ter a produção de lactase prejudicada;
  • idade: o distúrbio é mais comum na idade adulta.

Além disso, como já destacamos aqui, doenças que prejudicam o intestino, como as doenças celíacas, podem ser um fator de risco.

Uma pesquisa realizada pelo Departamento de Genética da UFPR (Universidade Federal do Paraná) também mostrou que a população negra tem maior predisposição ao distúrbio.

Segundo o estudo, isso se deve a variantes genéticas presentes na enzima lactase. 

Como prevenir a intolerância à lactose?

Não há uma forma de prevenir a intolerância, mas existem maneiras de aliviar os sintomas e desconfortos causados pelo distúrbio.

Alimentação saudável é aliada no tratamento de intolerância à lactose
Alimentação saudável é aliada no tratamento de intolerância à lactose. Imagem: Viktoria Slowikowska / Shutterstock

Confira algumas dicas:

  • cheque sempre os rótulos dos alimentos para verificar a presença de lactose;
  • substitua esses produtos por outros livres da substância;
  • mantenha uma alimentação saudável;
  • pratique exercícios físicos.

Além desses pontos, vale a pena reforçar a importância do diagnóstico e do acompanhamento médico. 

Intolerância à lactose: diagnóstico e tratamentos

O diagnóstico de intolerância à lactose é fundamental para que o paciente possa seguir um tratamento adequado, que inclui, principalmente, mudanças nos hábitos alimentares.

Para identificar o problema, é realizada uma análise por meio de exames bem simples. Existem três exames nesses casos:

  • exame medidor de ácido láctico: essa análise mede a quantidade de ácido láctico no sangue, substância produzida pelo organismo dos intolerantes após consumo de lactose;
  • exame de intolerância: o paciente ingere um líquido com alta quantidade de lactose e passa pela coleta de sangue, que mede o nível de glicose na corrente sanguínea;
  • exame de hidrogênio expirado: também ocorre a ingestão do líquido, mas aqui mede-se a quantidade de hidrogênio expelido pelo hálito; 

A partir dessas análises, o médico consegue identificar o tipo de intolerância e fazer o diagnóstico correto.

Com isso, são passadas as orientações necessárias para reduzir os desconfortos e aumentar a qualidade de vida do paciente.

É possível conviver com o distúrbio e levar uma vida saudável, mas normalmente é preciso fazer algumas mudanças nutricionais no cardápio, substituindo alimentos com lactose nas refeições. 

Leia mais:

Conclusão

Neste conteúdo, entendemos que deficiências na produção da enzima lactase impedem o processamento da lactose e podem causar desconfortos.

Quem sofre com esse problema é diagnosticado como intolerante à lactose, ou seja, ao açúcar presente no leite.

Essa não é uma condição grave, mas precisa ser tratada para amenizar os incômodos. Normalmente, o mais indicado é a mudança alimentar.

Contudo, apenas um médico pode orientar sobre o melhor tratamento para cada caso. Por isso, se notar algum dos sintomas compartilhados neste artigo, busque um especialista. 

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