É melhor Elon Musk esquecer de vez o Twitter e prestar mais atenção no seu retrovisor: a SpaceX pode ser a marca mais avançada quando o assunto é “viagem a Marte”, mas ao menos duas empresas – Relativity Space e Impulse Space – ambicionam chegar ao planeta vermelho antes que a Starship possa fazê-lo.
Segundo reportagem do jornal New York Times, ambas as empresas podem começar a colaborar para o desenvolvimento e lançamento de uma missão comercial a Marte, envolvendo um módulo robótico de pouso, a deixar a Terra nos próximos dois anos.
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A expressão onde você deve prestar mais atenção é “próximos dois anos”: neste período de tempo, as órbitas de Marte e da Terra estarão em seus pontos mais próximos, favorecendo lançamentos que saiam daqui em direção ao planeta vermelho em tempo e trajetória otimizados. Pode não parecer, mas muita gente está interessada em projetos dentro dessa janela de tempo.
As duas empresas, que recentemente firmaram uma parceria, estão neste “bolo”: o CEO da Relativity, Timothy Ellis, inclusive respeita a SpaceX pois, segundo ele, a empresa de Elon Musk tem por “mantra” fazer coisas “beirando a loucura, de forma ambígua e audaciosa”, o que inspira as pessoas a se juntarem à ela.
Há quem pense, no entanto, que isso seja parte da causa do ceticismo que gira ao redor da empresa texana: Elon Musk tem, convenhamos, a mania de “embelezar” suas próprias conquistas – ele chegou a prometer que a Starship estaria realizando voos comerciais para Marte em 2022, o que obviamente ainda não aconteceu.
Ellis reconhece que isso também é um problema para a sua empresa, ainda que por outro motivo: a Relativity Space tem previsão de executar o primeiro voo de seu foguete Terran 1 em algumas semanas, mas uma missão para Marte exigiria algo bem maior – o conceitualizado Terran R, que é comparável ao Falcon 9 de sua principal concorrente. Esse design não sairá do chão antes de 2025, assegura o CEO.
Nisso, entra a sua colaboradora, a Impulse Space, uma startup ainda mais jovem, cujo principal negócio é o desenvolvimento de veículos de transporte entre duas ou mais localidades no espaço. A empresa foi fundada por Thomas Mueller, literalmente o segundo empregado da SpaceX, quando esta nasceu em 2022. O homem foi o responsável pelo desenvolvimento dos motores Merlin, que dão propulsão aos foguetes Falcon 9 usados pela SpaceX até hoje.
Ambas as companhias já estão trabalhando no planejamento de uma missão cuja execução será bastante parecida com a que levou o módulo InSight, da NASA, a Marte: um foguete que consiste de dois estágios – um de trânsito para a propulsão e comunicação, e um outro que armazena a cápsula e o módulo de pouso.
O módulo em si teria mais ou menos o mesmo formato e tamanho do InSight, mas bem mais leve e com bem menor duração: Ellis e Mueller dizem que ele sequer teria painéis solares, e trabalharia apenas até suas baterias se esgotarem. A ideia é que o módulo seja entregue à superfície de Marte após o primeiro estágio do foguete se separar na órbita do planeta vermelho.
A partir daí, uma descida de quase 20 mil quilômetros por hora (km/h), sem queimar na atmosfera e sem perder partes ao tocar no solo cerca de sete minutos após o começo da queda, serão os principais desafios do projeto conjunto das empresas.
Basicamente, é a versão espacial do meme “tente não morrer”. Só que, até hoje, só os EUA e a China conseguiram tal feito.
O fato é que a SpaceX ainda é a mais adiantada no que tange à viagem privada a Marte, mas essas duas empresas podem tomar a dianteira se o projeto seguir como o planejado – e com uma boa dose de sorte.
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