A SpaceX pode perder a corrida até Marte para essas duas empresas

Relativity Space e Impulse Space podem colaborar em missão que enviará um módulo de pouso robótico ao planeta vermelho em dois anos
Por Rafael Arbulu, editado por Acsa Gomes 19/07/2022 11h55, atualizada em 20/07/2022 15h17
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É melhor Elon Musk esquecer de vez o Twitter e prestar mais atenção no seu retrovisor: a SpaceX pode ser a marca mais avançada quando o assunto é “viagem a Marte”, mas ao menos duas empresas – Relativity Space e Impulse Space – ambicionam chegar ao planeta vermelho antes que a Starship possa fazê-lo.

Segundo reportagem do jornal New York Times, ambas as empresas podem começar a colaborar para o desenvolvimento e lançamento de uma missão comercial a Marte, envolvendo um módulo robótico de pouso, a deixar a Terra nos próximos dois anos.

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Animação mostra como seria o envio de uma missão comercial privada a Marte pela visão da Relativity Space e da Impulse Space. A SpaceX pode perder a corrida ao planeta vermelho para as duas empresas
Animação mostra como seria o envio de uma missão comercial privada a Marte pela visão da Relativity Space e da Impulse Space. A SpaceX pode perder a corrida ao planeta vermelho para as duas empresas (Imagem: Relativity Space/Impulse Space/Reprodução)

A expressão onde você deve prestar mais atenção é “próximos dois anos”: neste período de tempo, as órbitas de Marte e da Terra estarão em seus pontos mais próximos, favorecendo lançamentos que saiam daqui em direção ao planeta vermelho em tempo e trajetória otimizados. Pode não parecer, mas muita gente está interessada em projetos dentro dessa janela de tempo.

As duas empresas, que recentemente firmaram uma parceria, estão neste “bolo”: o CEO da Relativity, Timothy Ellis, inclusive respeita a SpaceX pois, segundo ele, a empresa de Elon Musk tem por “mantra” fazer coisas “beirando a loucura, de forma ambígua e audaciosa”, o que inspira as pessoas a se juntarem à ela.

Há quem pense, no entanto, que isso seja parte da causa do ceticismo que gira ao redor da empresa texana: Elon Musk tem, convenhamos, a mania de “embelezar” suas próprias conquistas – ele chegou a prometer que a Starship estaria realizando voos comerciais para Marte em 2022, o que obviamente ainda não aconteceu.

Ellis reconhece que isso também é um problema para a sua empresa, ainda que por outro motivo: a Relativity Space tem previsão de executar o primeiro voo de seu foguete Terran 1 em algumas semanas, mas uma missão para Marte exigiria algo bem maior – o conceitualizado Terran R, que é comparável ao Falcon 9 de sua principal concorrente. Esse design não sairá do chão antes de 2025, assegura o CEO.

Nisso, entra a sua colaboradora, a Impulse Space, uma startup ainda mais jovem, cujo principal negócio é o desenvolvimento de veículos de transporte entre duas ou mais localidades no espaço. A empresa foi fundada por Thomas Mueller, literalmente o segundo empregado da SpaceX, quando esta nasceu em 2022. O homem foi o responsável pelo desenvolvimento dos motores Merlin, que dão propulsão aos foguetes Falcon 9 usados pela SpaceX até hoje.

Ambas as companhias já estão trabalhando no planejamento de uma missão cuja execução será bastante parecida com a que levou o módulo InSight, da NASA, a Marte: um foguete que consiste de dois estágios – um de trânsito para a propulsão e comunicação, e um outro que armazena a cápsula e o módulo de pouso.

O módulo em si teria mais ou menos o mesmo formato e tamanho do InSight, mas bem mais leve e com bem menor duração: Ellis e Mueller dizem que ele sequer teria painéis solares, e trabalharia apenas até suas baterias se esgotarem. A ideia é que o módulo seja entregue à superfície de Marte após o primeiro estágio do foguete se separar na órbita do planeta vermelho.

A partir daí, uma descida de quase 20 mil quilômetros por hora (km/h), sem queimar na atmosfera e sem perder partes ao tocar no solo cerca de sete minutos após o começo da queda, serão os principais desafios do projeto conjunto das empresas. 

Basicamente, é a versão espacial do meme “tente não morrer”. Só que, até hoje, só os EUA e a China conseguiram tal feito.

O fato é que a SpaceX ainda é a mais adiantada no que tange à viagem privada a Marte, mas essas duas empresas podem tomar a dianteira se o projeto seguir como o planejado – e com uma boa dose de sorte.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

Acsa Gomes
Redator(a)

Acsa Gomes é formada em Comunicação Social com ênfase em Jornalismo pela FAPCOM. Chegou ao Olhar Digital em 2020, como estagiária. Atualmente, faz parte do setor de Mídias Sociais.