O recente caso de racismo sofrido por Titi e Bless, filhos dos atores Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso, revoltou não apenas os pais das crianças, que reagiram à opressão, mas também pessoas na internet, que viralizaram o caso e se manifestaram em favor da família. No entanto, você sabe a dimensão que uma situação de racismo pode causar na saúde de alguém? 

Um estudo publicado em maio deste ano na Science Direct e divulgado pelo Medical News Today revelou que vivenciar o racismo pode afetar as microestruturas do cérebro, comprometendo a saúde mental e física da pessoa.  

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Imagem 3D de um cérebro humano
Estudo: racismo afeta microestruturas do cérebro, comprometendo saúde mental e física. Imagem: Shutterstock

Para chegar ao resultado, a equipe de pesquisa utilizou exames de ressonância magnética para avaliar os cérebros de mulheres negras que sofreram racismo. Uma avaliação de trauma chamada de Inventário de Eventos Traumáticos e um Questionário de Experiências de Discriminação também foram utilizados. 

Em relação à estrutura do cérebro, foi observado um impacto no corpo caloso, que conecta os hemisférios esquerdo e direito do cérebro, e no feixe do cíngulo, um trato de substância branca que conecta o frontal, lobos parietais e temporais.  

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“Observamos associações potentes entre experiências de discriminação racial e diminuição da integridade da substância branca nos aspectos anteriores do corpo caloso e do feixe do cíngulo”, escrevem os autores. 

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De acordo com a equipe, as rupturas do corpo caloso podem levar à “desregulação nos processos cognitivos e emocionais, como o controle de impulsos”. Já o feixe do cíngulo pode influenciar no controle executivo, na emoção e na memória. 

“A discriminação racial pode aumentar o sofrimento e impactar a regulação emocional, o que provavelmente afetará os comportamentos autorregulatórios que desempenham um papel no desenvolvimento de distúrbios de saúde mental e física”, acrescentaram, destacando que os dados também mostraram problemas prevalentes entre mulheres que sofreram racismo, sendo eles: 

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  • Dor crônica 
  • Dislipidemia (níveis de gordura não saudáveis no sangue) 
  • Diabetes 
  • Hipertensão 
Estudo: racismo afeta microestruturas do cérebro, comprometendo saúde mental e física. Imagem: shutterstock/Pixel-Shot

Desigualdade social 

O estudo ainda apontou que mais da metade das participantes “demonstraram desvantagem econômica significativa”. A maioria foi classificada como pessoa que “vivia na pobreza”. Além disso, o levantamento estabeleceu ligação com o aumento da ansiedade – com distúrbios relacionados à comida – e o aumento de uso de drogas e álcool. 

Para Negar Fani, principal autora do estudo e professora assistente do Departamento de Psiquiatria e Ciências Comportamentais da Universidade Emory, os resultados mostram claramente que o racismo causa um trauma com efeitos importantes na autorregulação do cérebro. 

“Essas descobertas demonstram como a discriminação racial pode moldar comportamentos regulatórios, como comer e usar substâncias por meio de seus efeitos deletérios nas vias da substância branca do cérebro”, disse a especialista ao Medical News Today

“Se sabemos que a discriminação racial leva a maus resultados de saúde por meio de efeitos prejudiciais no cérebro, deve-se dar maior atenção à eliminação desses tipos de interações em um nível sistêmico”, afirmou. 

Caso Titi e Bless 

O racismo sofrido por Titi e Bless ocorreu em Portugal enquanto a família passava as férias. Em entrevista dada ao Fantástico no domingo (31), Giovanna contou que a agressora, uma mulher branca, disse às crianças coisas como “pretos imundos” e “voltem para a África”. 

“Acho que ela nunca esperava que uma mulher branca fosse combatê-la como eu fui, daquela maneira. Eu sei que eu, como mulher branca, indo lá confrontá-la, a minha fala vai ser validada. Eu não vou sair como a louca, a raivosa, como acontece com tantas outras mães pretas, que são leoas todos os dias, assim como eu fui nesse episódio”, disse Ewbank. 

Estudo: racismo afeta microestruturas do cérebro, comprometendo saúde mental e física. Imagem: reprodução/Instagram

Bruno ressaltou que a reação de sua esposa, que chegou a desferir um tapa na criminosa, não pode ser confundida com a ação do opressor. 

“Hoje eu sou uma mulher muito consciente dos meus privilégios, eu sou uma mulher que está sempre rodeada de outras mulheres pretas, aprendendo diariamente. Vou fazer jus ao privilégio branco e vou combater de frente”, acrescentou Giovanna. 

Ainda conforme atualização do Fantástico, da Rede Globo, a mulher foi levada para uma delegacia da Guarda Nacional Republicana, onde foi identificada, prestou depoimento e foi liberada. Agora, o casal tem até seis meses para apresentar uma queixa crime formal às autoridades portuguesas. 

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